Existia uma cidade chamada Gatolândia. E como o nome já diz, nessa cidade morava gatos de todos os tipos. Também havia ratos, muitos ratos, mas eram seres que se escondiam no submundo, escorraçados e perseguidos pelos gatos.
Essa guerra já durava séculos, os gatos que agora conquistavam a cidade caçavam implacavelmente os ratos que se escondiam e viviam à margem da sociedade.
Na Gatolândia a gataiada desfrutava do bom e do melhor, moravam em casas e apartamentos, usufruíam de transporte coletivo e cultivavam vastas plantações de cereais, além de grandes viveiros com várias aves para consumo e granjas espalhadas pela zona rural da cidade.
A vida dos gatos nessa cidade era como num verdadeiro Jardim do Éden, trabalhava-se pouco e ganhava-se mais que o suficiente para viver e ainda existia diversão como bares para a juventude e boates com várias gatinhas para os boêmios.
Num dia ensolarado a cidade de Gatolândia pegou fogo. Ninguém sabe como e por quê. O fogo se espalhou e muitas casas já haviam sido consumidas, o desespero foi geral, muitos gatos pegos de surpresa eram mortos cercados pelas chamas.
O fogaréu atingiu a lavoura e o que era Jardim do Éden virou um inferno na terra.
Os ratos também estavam sendo afetados. Desesperados decidem conversar com os gatos e propor uma trégua para salvarem a cidade. Os gatos concordaram e prometeram que se os ratos apagassem o fogo viveriam em paz, como irmão para todo o sempre.
Centenas de milhares de ratos subiram até uma colina ali perto onde havia uma grande represa construída por castores há muito tempo atrás. Os ratos roeram toda estrutura e a água desceu a colina até a cidade, apagando totalmente o fogo. A cidade fora salva pelos ratos.
Os gatos estavam felizes e satisfeitos com os novos amiguinhos roedores.
Porém, quando a fome chegou pela falta de alimentos que haviam sido queimados nas lavouras da cidade, a história mudou novamente.
E todos os ratos foram devorados pelos gatos.
Rodrigo Alves de Carvalho – jornalista, escritor e poeta