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As manifestações atuais no Brasil, que começaram devido ao aumento de vinte centavos na tarifa dos ônibus, mesmo após o governo, acuado pelos protestos, dar ouvidos à voz dos manifestos se metamorfosearam e tomaram uma dimensão colossal, com inúmeras outras reivindicações. Pesquisa da Confederação Nacional de Municípios (CNM) mostrou que, até o fim de semana, a população já havia saído às ruas em mais de 400 cidades do país. Mas pelo quê a geração Facebook protesta?
Os cartazes com os dizeres “É muito mais do que vinte centavos” e “Tem tanta coisa errada que nem cabe num cartaz” deixaram claro que o protesto não era só contra o preço das passagens. Os slogans publicitários usados pelos manifestantes, do uísque Johnnie Walker “O gigante acordou” e da Fiat “Vem pra rua”, segundo sociólogos, foram tirados do mundo do consumo no qual eles estão mergulhados e ajudam a traduzir o desencanto com a política nacional. O jornal britânico Financial Times resumiu o clima de insatisfação generalizada: “Carros, máquinas de lavar e TVs de plasma não são mais suficientes: brasileiros querem melhores serviços públicos e governo”.
O site Causa Brasil (vá lá e dê uma olhada: www.causabrasil.com.br) é uma ferramenta que me ajudou a entender os temas mais abordados nos protestos. Abastecido automaticamente por milhares de menções espontâneas nas redes sociais, o site funciona como um termômetro que categoriza, agrupa e interpreta a voz das ruas. No momento em que finalizo esse artigo, 1.056.115 menções foram analisadas e educação, saúde, gastos das obras da Copa, combate a corrupção, segurança, peso dos impostos, combate à inflação, emprego, reforma política, combate ao crack e Governo Dilma Rousseff são as principais reclamações dos internautas.
Como as manifestações não têm uma causa única, isso tem deixado o governo confuso na hora de oferecer soluções. E foi um reajuste de vinte centavos nas tarifas de ônibus que desencadeou essa multiplicidade de reivindicações. Vinte centavos que deixaram de ser apenas alguns centavos para se tornarem a gota d’água que transbordou o copo! Para entender melhor, vamos fazer uma analogia com o casamento: um casal não termina porque uma peça de roupa suja foi deixada à vista no chão do banheiro. A peça de roupa suja é apenas a gota d’água que faltava para transbordar o balde. E uma “gota d’água” pode ser o início do fim!