Você já parou para pensar que a sociedade em que vivemos é fruto da cultura? Atualmente, devido à Covid-19, o setor cultural está operando conforme os protocolos da pandemia, seguindo devidamente as restrições. Em entrevista ao Riovale Jornal, o secretário de Cultura, Marcelo Corá, fala dos projetos e investimentos futuros na área. “Voltamos com toda a energia necessária para incrementar ainda mais a parte cultural”.
Abrimos a conversa falando sobre a trajetória do atual secretário. “Estou na política há mais de 20 anos. Trabalhei no setor público em outras oportunidades, sou publicitário e atuo como empresário do ramo de Comunicação desde 1998. Já fui secretário Executivo de Desenvolvimento Econômico de Santa Cruz, delegado Regional do Trabalho e diretor de Programas Habitacionais na Secretaria Municipal de Habitação. Como secretário de Cultura, até outubro de 2020 e agora, retorno ao mesmo cargo no governo Helena Hermany. Visamos continuar com o andamento do trabalho antes já desenvolvido. É muito bom regressar, foram somente dois meses de espera. Fizemos uma reaproximação com a cultura. Digamos que foi um período de férias”.
“Por mais que eu tenha passado por outras funções nas demais secretarias, esta é uma pasta que tenho muita afinidade. A cultura me chama atenção e estamos sempre em busca de recursos para incrementar o setor, porque se torna essencial para todos, sendo que fortalece os aspectos, a identidade pessoal e social do indivíduo, e condições de bem-estar. A Secretaria de Cultura (Secult) foi criada em 2019, antes era um departamento. Hoje caminha sozinha, com interesses próprios e muita garra. A prefeita Helena vê a cultura como primordial. A parte social dela é muito forte e a cultura abraça junto.”
CAPTAÇÃO DE RECURSOS
Corá destaca que o setor cultural foi um dos mais atingidos com a vinda da pandemia da Covid-19. “Foi um verdadeiro choque esta questão, o primeiro a ser afetado e será o último a ser liberado. Se já era um setor criativo, teve que se tornar muito mais que criativo, praticamente se reinventar. O lado financeiro ainda está sendo ruim, mas percebemos que muitos que vinham, digamos, no chamado piloto automático, tiveram que parar e repensar em suas ações. Na parte cultural isso gera muita criatividade. Vemos que está represado e a hora que existir o pós-pandemia, assim que virar a chave, será uma profusão de novidades culturais em benefício da população”.
O secretário destacou que o setor sempre está em busca de recursos para se desenvolver. Com a Lei Aldir Blanc, sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro em junho de 2020, foi garantida uma renda emergencial para os profissionais da cultura. “Existem as contrapartidas desta lei na qual recebemos os recursos e podemos investir em várias ações que iremos desenvolver ao longo deste ano, estamos esperando o andamento das restrições sanitárias para idealizarmos os próximos passos. Provavelmente ainda ficará para o final do ano”.
Existe uma demanda proveniente da Lei Aldir Blank, completou Marcelo Corá. “Na qual já distribuímos R$ 886 mil e cada recurso deles para prestação de contas exige uma contrapartida como investimento em shows, peça de teatro, oficinas de dança, de pintura, enfim, tudo isso já está pago pelo Município. Para continuar este belo trabalho temos que receber as contrapartidas e abrir novas oportunidades, por isso estamos sempre abertos para parcerias, projetos e propostas na área cultural”.
O diálogo com os entes culturais e com o Conselho Municipal de Cultura é permanente, pontuou Corá. “Buscamos algumas parcerias para consolidar ao longo do mandato. Visamos recursos fora da questão pública, por meio do Fundo Municipal de Cultura no qual podem ser feitas doações. Também temos a Bancada da Cultura, através da Câmara de Vereadores. Uma iniciativa informal que apoia nossos projetos e é apartidária”.
O secretário frisa que, mesmo com a pandemia, existem diálogos contínuos com a classe artística para auxiliar na busca de recursos. “Não somente como forma de termos estruturas permanentes e futuras, mas também para ações pontuais de resgate. Exemplo da recente live Pratas da Casa, no início de maio, na qual foram inseridos os músicos santa-cruzenses, através da recém criada Associação de Músicos e Artistas Profissionais (Amarp). A ideia do governo é descentralizar a cultura e termos ações permanentes para todos os cidadãos dos bairros e do interior. Só esperamos este cenário de pandemia passar e seguirmos em frente”.
Ele também completou que foi realizado um edital com distribuição de repasses no âmbito cultural. “Foi o primeiro da história do Município com recursos próprios, e também foi seguido pela pasta do Esporte. Foram 30 contemplados com R$ 1,5 mil”.
PROJEÇÕES FUTURAS
“Estamos trabalhando muito para deixar a casa organizada para que possamos apertar os botões e viver a cultura plenamente”, frisou Corá. A Secretaria de Cultura conta com as oficinas culturais, muito procuradas, e que trazem a essência da música, teatro, artesanato, pintura, desenho, informática, entre outras. “Elas são consideradas um braço da secretaria e estavam paradas há muito tempo. Vamos montar todas elas em uma nova estrutura, a Casa das Oficinas Culturais, que será lançada no segundo semestre e agrupará todas as oficinas e cursos que a Secretaria de Cultura oferece. Haverá instrutores e a comunidade terá acesso ao aprendizado que vai desde a questão lúdica, passando pelo hobby e o profissional. Uma verdadeira inserção para o mercado de trabalho”.
A pandemia, infelizmente, impede que passos maiores sejam dados. “As projeções estão sendo feitas, neste primeiro momento, a curto prazo. Temos os projetos, mas deixamos guardados e quando melhorar a situação iremos dar andamento. Exemplo da live Pratas da Casa que era pra ter ocorrido há mais tempo. Projetamos ações para acontecerem no segundo semestre, eventos tradicionais, através das parcerias e editais que mantemos. Um exemplo seria a Semana Farroupilha com a Associação Tradicionalista Santa-cruzense (ATS), pensamos em fazer programas sobre a cultura e tradição gaúcha, inclusive, talvez, um formato como a Oktober Digital. É certo que irá acontecer, mas vamos ver todo o encaminhamento antes do aval final. Talvez haja um segundo edital, mas iremos ver em que formato”.
COWORKING
Em abril deste ano, a Prefeitura Municipal lançou o projeto de Coworking Cultural. Um ambiente de colaboração mútua destinado a músicos, designers, atores, escultores, editores, dançarinos, escritores, artesãos e outros artistas, amadores ou profissionais, para que possam criar, planejar e desenvolver seus projetos, sem precisar depender de nenhum valor pela locação do mesmo. O Coworking Cultural será um espaço público, gerido e custeado pela Secretaria Municipal de Cultura (Secult), com projeto arquitetônico pela equipe da secretaria, iniciado pela arquiteta Janaína Fernandes da Secretaria Municipal de Planejamento e Orçamento, com colaboração voluntária do arquiteto Ronaldo Wink e assinatura e concepção final da arquiteta terceirizada Manuela Teixeira.
De acordo com o secretário, o espaço ficará junto com a Biblioteca Pública Municipal Elisa Gil Borowski, com entrada pela Rua Tiradentes, nº 15, e será interligado com a Praça da Cultura José Paulo Rauber Filho. A obra está orçada em R$ 150 mil e será encaminhada para licitação até o final do semestre. “Haverá sala de reuniões, estúdio com acústica, camarim e sala de apoio, miniauditório com palco e banheiros, tudo com ambientação moderna e arrojada”, explica.
O Coworking vem com objetivo de geração de renda. “O Poder Público tem a visão da cultura como economia, considerando esta parte de suas políticas de desenvolvimento para geração de emprego. O artista tem que ter um espaço para gerar renda, estamos no eixo econômico do Município. Este é nosso grande projeto, além da Casa das Oficinas e, ainda, futuramente, no espaço da Central de Serviços, o Mercado Público Cultural onde haverá uma gama de produtos culturais. A prefeita Helena é totalmente favorável e já deu o aval positivo. Estamos totalmente motivados”, enfatizou.
Ana Souza