A coordenação do Epicovid19-BR, estudo que estima o número de casos de infecção por coronavírus no Brasil, transferiu a quarta etapa de testes rápidos para os dias 27, 28, 29 e 30 de agosto em 133 cidades distribuídas entre todos os estados brasileiros. Em Santa Cruz do Sul, os bairros que estão recebendo os agentes de saúde desde essa quinta-feira são: Monte Verde, Arroio Grande, Faxinal, Menino Deus, Santuário, Bom Jesus, Várzea, Vila Schultz, Aliança, Ohland, Esmeralda, Vila Nova, Glória, Cristal, Centro, Margarida Aurora, Higienópolis, Senai, Bonfim, Avenida, Piratini, Goiás, Universitário, Verena, Belvedere e Santo Inácio.
A quarta etapa segue a mesma metodologia das três anteriores. Cerca de dois mil entrevistadores do IBOPE Inteligência visitam residências e realizam testes rápidos e entrevistas com 250 moradores em cada município incluído no estudo, totalizando amostra nacional de 33.250 participantes somente nesta etapa da pesquisa.
O Estudo de Evolução da Prevalência de Infecção por Covid-19 no Brasil (Epicovid19-BR), coordenado pela Universidade Federal de Pelotas, é a maior pesquisa populacional em andamento no mundo a estimar a prevalência de coronavírus. As três primeiras etapas, realizadas de 14 a 21 de maio, 4 a 7 e 21 a 24 de junho, entrevistaram quase 90 mil pessoas. Os dados inéditos permitiram conhecer o comportamento do vírus no Brasil.
Para cada diagnóstico confirmado pelas estatísticas, o estudo estimou que existem ao redor de seis casos reais não notificados. De cada cem infectados, um vai a óbito.
A pesquisa documentou que, em um mês, a prevalência dobrou na população: os percentuais passaram de 1,9% (1,7 – 2,1%, pela margem de erro), na primeira etapa, para 3,1% (2,8 -4,4%), na segunda, e alcançaram 3,8% (3,5 – 4,2%), na última etapa. Nesse mesmo intervalo, o distanciamento social (percentual de pessoas que ficam sempre em casa) caiu de 23,1% para 18,9%.
Os pesquisadores ainda identificaram a existência de “várias epidemias” em curso simultâneo no país, com diferenças entre as regiões brasileiras e desigualdades entre grupos étnicos e socioeconômicos. Enquanto, no Norte, 10% da população, em média, têm ou já teve coronavírus, no Sul, esse percentual está em torno de 1%. Em todas as fases da pesquisa, os 20% mais pobres apresentaram o dobro do risco de infecção em comparação aos 20% mais ricos. Além disso, indígenas tiveram um risco cinco vezes maior do que os brancos.
A pesquisa também estimou que crianças têm a mesma chance de adultos para contrair o vírus e, diferente do que cogitava inicialmente a ciência mundial, aproximadamente 90% dos casos apresentam sintomas. Os cinco mais frequentes, relatados por cerca de metade dos entrevistados com anticorpos para a Covid-19, foram dor de cabeça (58%), alteração de olfato ou paladar (57%), febre (52,1%), tosse (47,7%) e dor no corpo (44,1%).
Como funciona a pesquisa
O estudo inclui a cidade mais populosa de cada uma das 133 regiões intermediárias do país, que são divisões do território nacional definidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A seleção das residências e das pessoas entrevistadas e testadas ocorre por meio de um sorteio aleatório, utilizando os setores censitários do IBGE como base.
Durante a visita, os pesquisadores coletam uma gota de sangue da ponta do dedo do participante, que será analisada pelo aparelho de teste em aproximadamente 15 minutos. Em caso de resultado positivo, os profissionais comunicam a Vigilância Epidemiológica local. (Com informações da UFPel)