Quando somos o

A solidariedade dos cachoeirenses surpreendeu a mãe-avó baiana que ficou mais de um mês confinada no Hospital de Caridade aguardando a recuperação (que não aconteceu) do neto e filho adotivo que fora agredido na rua. Cada um procurou ajudar da maneira que pôde. Alguns doaram fraudas e roupas. As funcionárias de uma empresa fizeram uma vaquinha e angariaram algum dinheiro. Duas senhoras foram até o hospital ajudar a cuidar do rapaz. Foi um verdadeiro show de solidariedade.
Ajudar o próximo faz bem, tanto para quem é ajudado como para quem ajuda. Uma pesquisa realizada na Universidade de Harvard apontou que fazer o bem sem esperar nada em troca, faz bem ao coração e ao sistema imunológico, além de aumentar a expectativa de vida e a vitalidade. O estudo mostrou que, ao perceber a felicidade dos outros, a pessoa libera no cérebro a endorfina que alivia a dor e diminui as chances de ficar doente. É como alguém disse: “Quando você é bom para os outros, é melhor para com você mesmo”.
Há muitas maneiras de praticar a solidariedade: fazer uma doação a uma instituição de caridade, visitar um asilo e levar alegria para os idosos, ajudar alguém a atravessar a rua, ceder o lugar no ônibus para uma mulher grávida… Ações como essas colocam um sorriso no rosto do próximo e fazem com que a gente se sinta bem ao fazer o bem. Mas quem é o nosso próximo? Nosso próximo é todo aquele que está próximo de nós e necessita de nossa ajuda. E tem aquele dia que nós é que somos o “próximo” de alguém.
Em 1977, eu era um garoto de 10 anos de idade, assustado, que acabara de sair do interior para estudar na cidade, quando numa manhã resolvi ir de ônibus à escola. E como estava sem “nenhum” no bolso tentei passar por debaixo da roleta, mas o cobrador meteu o pé na minha cara. Fiz nova tentativa e pensei: “Desta vez ele vai ter dó de mim.” Mas eu estava errado: ele meteu novamente o pezão na minha cara. Na mesma hora desatei a chorar já que o ônibus havia passado pela parada que eu tinha que descer.
Foi aí que um “anjo” apareceu: uma senhora se compadeceu com a situação e pagou a passagem pra mim. E eu desci aterrorizado na próxima parada (bem longe do meu destino) e corri o máximo que pude até o colégio.
O interessante é que aquela senhora doce e bondosa jamais saiu da minha memória. E sei que Deus já deve tê-la recompensado pelo que fez. Eu fui o “próximo” dela naquela manhã.