Diego Dettenborn
Muitas vezes, a única escolha é a mudança de hábito, de atitude, de conduta. No mundo contemporâneo, na maioria dos casos, passamos mais tempo em atividade profissional do que em qualquer outra atividade. Trabalhar oito horas por dia é quase um luxo para quem pode. Dormimos pouco e muitas vezes sem qualidade de sono. Projetamos o final de semana durante a semana, porém passamos o final de semana resolvendo mentalmente os problemas que futuramente, na semana, acreditamos que iremos encontrar. Ou seja, vivemos diariamente em um nível de tensão extrema que reflete na qualidade de vida e por consequência na nossa saúde física.
Por necessidade, em função da saúde precária que já apresentava sinais de risco, a única escolha foi o exercício físico para o santa-cruzense Rodrigo Dorneles. Pesando 120 quilos e com dores que o faziam desmaiar, ele alterou toda a rotina para buscar uma alternativa que o fizesse recuperar a vida que naquele momento estava resumida em comer e dormir mal, sedentarismo e dores intensas.
Foi ainda em 2014 que o agora massoterapeuta, de 37 anos, mudou de vida, literalmente, após um período extremo de dor e sofrimento. Em uma consulta médica, a realidade tomou outra proporção e o que parecia apenas um problema se tornou um verdadeiro caminho para uma vida diferente da que ele levava. “Eu tinha dores ciáticas horríveis. Eu viajava, era representante comercial e pesava 120 quilos. Eu chegava a desmaiar de dor quando tentava jogar futebol. Tomava injeções e nem isso estava adiantando. Aí agendei uma consulta com traumatologista e contei da minha vida e ele me disse que não tinha muito o que fazer a não ser eu emagrecer”.
O acento do carro era parceiro durante boa parte do dia na profissão de representante Comercial. Má alimentação, sedentarismo e as noites mal dormidas de hotel em hotel transformaram a circunstância em uma verdadeira bomba relógio. “Quando o médico falou aquilo eu resolvi mudar, de fato, a minha vida. Me chamou a atenção uma frase que li naquele momento que dizia assim: ‘tome café da manhã como um rei, almoce como um príncipe e jante como um plebeu’. Dali em diante eu coloquei aquilo na minha vida, eu inverti a pirâmide. Parei de comer pão, beber refrigerante, bebida alcoólica. Eu levava umas barrinhas, leite em pó e frutas, mudei completamente”.
A alteração na alimentação era o início da mudança, no entanto, o sobrepeso e o diagnóstico que apontava necessidade de exercício físico urgentemente foram o trampolim para o que mais tarde se tornaria uma paixão. Aos poucos, a atividade física foi se tornando rotina. “Eu podia chegar 10 horas da noite na cidade onde eu estava, mas colocava o tênis e fazia minha caminhada, todo dia. Um dia, ao atravessar a rua, dei um pique e me senti bem, então comecei a correr uma quadra e respirar em outra e assim por diante. Assim foi indo. Depois que tu começa a correr, a perda de peso é muito significativa, fui gostando. Parei de viajar, entrei para um grupo de corrida. O mundo ao teu redor começa a ficar mais leve, a alimentação, amizades, todo o círculo, porque tu tem uma vida esportiva”.
Inspiração
O diagnóstico que lá em 2014 serviu como uma espécie de “alerta vermelho”, levou desde então 30 quilos embora. O processo de emagrecimento saudável acabou transformando a vida de Rodrigo, indo muito além de apenas uma forma de recuperar a saúde. “Nunca mais tomei remédio pra dor, não senti mais dores. Comecei a participar de meia maratona e não parei mais. Dez quilômetros em um dia sim e outro não e no fim de semana 25 quilômetros. Aos poucos a gente vai construindo uma estrutura forte para o resto da vida”.
O atleta, que atualmente atua como massoterapeuta, está terminando um tratamento ocular e em breve retornará à prática do esporte. Nesse sentido ele mantém o foco e faz um alerta, deixando uma mensagem inspiradora. “Eu nunca recaí, porque eu nunca tive pressa de construir, foi de tijolinho em tijolinho. Pode vir uma ventania e até balançar, mas quando se tem controle das ações tudo muda. A vida fica maravilhosa, principalmente na questão da saúde em si, do dia a dia, em tudo.” Dorneles ainda concluiu. “Comece um dia de cada vez, não tente reduzir tudo na segunda-feira. Tire aos poucos a farinha, o açúcar, o álcool. Aposte nos pequenos e bons hábitos, dia após dia, é uma construção para o resto da vida. Fuja das dietas milagrosas e pense que temos uma vida inteira pela frente e isso pode então ser construído aos poucos, mas tem que ser todos os dias com foco e persistência”.