Ricardo Gais
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Um dos setores mais afetados, os pubs em Santa Cruz do Sul se reinventam para conseguir manter as atividades, pois com as restrições impostas pelo Governo Estadual devido à pandemia, os locais não estão recebendo os clientes há dois meses, o que causa queda no faturamento. As despesas com a empresa continuam causando incertezas aos proprietários que aguardam de forma ansiosa para o retorno das atividades presenciais.
De acordo com Henrique Becker Dopke, sócio proprietário da HBier Pub, para manter as atividades, a empresa passou por alterações desde o layout, número de clientes e de funcionários. “As alternativas para continuar a trabalhar vieram por imposições, sejam estaduais ou municipais, as quais nos obrigaram a estar frequentemente se adaptando. Por sermos uma empresa do ramo de alimentação e este setor ser pioneiro a sobreviver em uma pandemia, tivemos que criar muitas coisas buscando atrações de produtos, descontos, acessibilidade e novidades”, comenta.
As várias restrições, que mudam semanalmente devido ao Distanciamento Controlado, é outro empecilho que atrapalha os negócios, pois com o abre e fecha, a incerteza só aumenta, causando transtornos aos empresários. “Essa questão prejudica muito o estabelecimento, uma vez que gastamos muito tempo tentando prever os cenários futuros para evitar maiores transtornos, seja com horário de trabalho de toda equipe, questão financeira e também que deixaremos de atender nossos clientes por indeterminado tempo. É muito complicado esse abre e fecha pois gostaríamos de estar abertos e ter garantia de permanência disso, porém é imprevisível. Somos muito agradecidos por termos clientes fiéis que nos incentivaram muito durante a pandemia e nunca deixaram de estar junto conosco, seja via delivery ou take-away”, desabafa o sócio proprietário.
Este também é o cenário na Heilige Brew Pub Santa Cruz do Sul, que de acordo com Ivan Oliveira, da área comercial do Pub, as noites sem poder trabalhar afetam o setor, pois assim como eles, muitas empresas não possuem a cultura do delivery tão forte quanto outras empresas que já atuam com essa função há mais anos. “Quando o cliente quer pedir uma comida em casa, ele vai lembrar daquelas empresas já habituais, e nós estamos implementando esse serviço desde o ano passado”, conta Ivan.
O faturamento para ambas empresas também está fragilizado. Na HBier já são quase 50 dias fechados, apenas em 2021, praticamente sem faturamento. “Enquanto isso, as demais contas continuaram vindo, como impostos federais, estaduais, IPTU, aluguel, água, luz, funcionários, fornecedores entre outras despesas que estamos fazendo o possível para manter em dia sem demissões”, sublinha Henrique.
Na Heilige, o faturamento não chega a 10% do normal, o que segundo Ivan não cobre os custos das atividades. “Primamos muito em manter o quadro de funcionários e colaboradores na empresa, mas está sendo muito complicado, estamos fazendo de tudo para conseguir nos mantermos em pé, até porque estamos há um mês e duas semanas com a casa totalmente fechada, assim o negócio não se sustenta. Precisamos urgentemente que os negócios voltem a funcionar, pois o nosso setor não é o responsável pela transmissão da doença, e estamos tomando todos os cuidados com uso de álcool em gel, distanciamento e outros”, relata Ivan. Ainda, segundo ele, é necessário o apoio dos órgãos competentes, para que seja possível a retomada das atividades. “Está sendo bem difícil”, afirmou.
Henrique Dopke acreditava que 2021 seria um ano melhor, porém entende que não seria possível compensar o rombo financeiro de 2020. “Com este início de ano sendo pior que o ano passado, acredito que está na hora do nosso setor noturno poder retomar, com restrições, é claro. Não vamos desistir e contamos com dias melhores”, finaliza.