Na manhã de hoje, 21 de novembro, um grupo de 35 adolescentes com idade entre 11 e 14 anos, estudantes do 6º ano do ensino fundamental na Escola Municipal José Bonifácio, de Linha Andréas, Vera Cruz, visitaram a propriedade de Eno Wegner. O produtor rural é um dos 52 integrados ao Protetor das Águas, projeto pioneiro de aplicação do Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) aos proprietários rurais que disponibilizam áreas de nascentes e margens de arroios para preservação ambiental. A iniciativa é da empresa Universal Leaf Tabacos e Fundación Altadis – entidade sem fins lucrativos pertencente ao Grupo Imperial Tobacco -, com execução técnica a cargo da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc).
No passeio, os estudantes conheceram as nascentes localizadas na propriedade de 28,5 hectares e que tem 3,26 hectares de área delimitada, destinada às práticas preservacionista do projeto. Eles viram, na prática, o que pode ser feito para preservar a água. A atividade faz parte das ações de educação ambiental do Protetor das Águas e visa o entendimento e compreensão de toda a comunidade. Ao serem recebidos pelo coordenador técnico do projeto, Dionei Minuzzi Delevati, e por Nelza Lau, membro do Comitê Gestor, os estudantes e professores conheceram a equipe técnica do Protetor das Águas, que conta com o biólogo Nilmar Azevedo de Melo, o técnico agrícola Márcio Cargnin e demais profissionais de apoio.
Delevati fez explanações sobre os objetivos do programa em execução, o que está sendo feito e falou da importância da preservação ambiental. “O Arroio Andréas é importante e merece cuidados porque abastece toda a população da cidade de Vera Cruz”, lembrou. Nilmar Melo falou sobre a função da mata ciliar para preservação da área e deu exemplos do que deve ser feito nas margens dos rios. “É importante também cuidar da vegetação para preservar os animais associados às plantas”, explicou.
Carlos Nyland
Passeio pela área de preservação teve observação de aspectos do meio ambiente
Segundo a professora de Ciências, Michele Morsch, a escola tomou a iniciativa de se integrar às ações porque alguns alunos ainda não conheciam o projeto aplicado na comunidade desde 2011. “Muitos pais de alunos nossos fazem parte do Protetor das Águas”, contou. “Optamos por trabalhar o tema com estudantes do 1º e do 6º ano porque vão ficar ainda alguns anos na escola e poderão acompanhar o desenvolvimento do projeto”, explicou. Ela disse também que os alunos já haviam tido aulas teórica sobre preservação do solo e águas e a experiência prática serviria como tema de relatório de saída de campo a ser apresentado em aula.
No passeio por toda extensão de área preservada, que conta com três nascentes importantes e as margens do Arroio Andréas, os alunos puderam observar a flora local e os motivos da necessidade de preservar as áreas. O biólogo mostrou bioindicadores da qualidade da água e do ar, como líquens em pedras que comprovavam a pureza da água da propriedade de Wegner. Os estudantes também assistiram a explanação sobre as eras geológicas pelas quais passou a região, observando o solo, areia e pedras encontradas no local.
Consciência – A estudante Erica Franca Keller, de 11 anos, acompanhou atentamente todas as explanações que vieram a contribuir para reafirmar o que já ouvia em casa. Seu pai faz parte do Projeto Protetor das Águas e também mantém área de preservação em parte da propriedade da família, em Alto Dona Josefa, onde são cultivados legumes e verduras. Erica contou que os técnicos do projeto já providenciaram cerca em algumas áreas e colocaram tampa no poço de águas que abastece a sua casa. “O pai fala que o projeto é bom”, contou. “É importante preservar para a gente ter água e, também para as pessoas da cidade de Vera Cruz”, acrescentou.
Carlos Nyland
Para lembrar:
Com duração de cinco anos, o projeto Protetor das Águas tem por objetivo o desenvolvimento de ações de recuperação e proteção de recursos hídricos mediante o Pagamento por Serviços Ambientais. Os beneficiados são os agricultores de pequena propriedade, caracterizados como “produtores de água” e que têm a preservação ambiental como mais uma fonte de renda. O programa incentiva produtores rurais a adotarem boas práticas de conservação de água e solo.
A primeira fase do projeto foi de diagnóstico, com mapeamento por satélite e levantamento das propriedades rurais que compõem a bacia e das nascentes contribuintes do Arroio Andréas. Depois de marcadas as áreas de preservação, houve negociação com os produtores rurais e implementação das ações necessárias, que incluem disponibilização de área para manutenção ou recuperação ambiental, cercamentos e plantios de mudas.
O cronograma técnico vai até o final de 2015 e a expectativa é que os resultados possam tornar o Andréas um exemplo de conservação hídrica. Entre os procedimentos metodológicos estão a verificação periódica da cobertura vegetal por imagens de satélite, fotos aéreas, monitoramento da vazão e qualidade da água e levantamento de dados através de uma estação hidrológica automatizada.
