A quarta edição da Semana Municipal de Adoção, Proteção e Bem-Estar Animal de Santa Cruz do Sul já começou. Prevista pela Lei Municipal nº 7.715 de 2017, o período este ano iniciou na segunda-feira, 20, e segue até esta sexta-feira, 25, e tem como objetivo fomentar e estimular a adoção, a guarda responsável, além de informar a população acerca dos procedimentos relacionados a situações de maus tratos e abandono de animais.
De acordo com a médica veterinária do Canil Municipal, Amanda Bragato, o foco da Semana este ano é a conscientização. Segundo ela, embora exista uma semana inteirinha prevista em lei para tratar com mais ênfase do tema, a causa animal precisa ser lembrada todos os dias. “É um trabalho permanente porque ainda temos um longo caminho a percorrer em se tratando de proteção animal. Hoje há uma mudança muito grande de mentalidade na forma como as pessoas se relacionam com seus bichos. Se antes era normal ter um animal preso em correntes e dar a ele apenas restos de alimentos, hoje isso é inconcebível”, observou.
Com o advento da pandemia, o número de adoções de animais vítimas de abandono e maus tratos albergados no Canil sofreu uma queda e hoje é insuficiente para dar conta da expressiva quantidade de animais que necessitam de um lar. Em 2019 foram registradas 377 adoções e de lá para cá os números só diminuem. No ano que passou ganharam um novo lar 195animais até então recolhidos ao estabelecimento. Por outro lado, a quantidade que ingressa no local, seja por abandono ou maus tratos, cresce dia a dia, tanto que a superlotação é quase uma constante. Estão albergados hoje na instituição 116 animais, entre cães e gatos, enquanto a capacidade é para cerca de 50.
Para entender essa disparidade basta fazer um comparativo. Dados do Canil Municipal revelam que em dezembro de 2022 um contingente de 38 animais deram entrada no estabelecimento, e no mesmo período somente 10 foram encaminhados para adoção. Este ano não está sendo diferente, em janeiro ingressaram 29 e saíram 15, já em fevereiro entraram 39 e apenas 18 deixaram o local. A construção de um novo espaço – o Centro de Bem-Estar Animal – na Granja Municipal também tem como finalidade fazer frente a essa crescente demanda.
Embora a realidade da superlotação revele o quanto a sociedade ainda está longe de alcançar o bem-estar animal, os números não necessariamente retratam um aumento de casos, mas sim uma mudança de consciência, como refere Amanda. “Hoje as pessoas estão enxergando de um modo diferente aquilo que antes era, entre aspas, considerado normal. Há muito a ser feito em termos de consciência e educação ambiental, mas não há como negar que tivemos avanços e que diante de situações de abandono e maus tratos as pessoas estão se sensibilizando e denunciando mais”, concluiu.
Situações de animais presos em correntes, vítimas de agressões ou mesmo confinados e vivendo em meio a sujeira e sem as mínimas condições de higiene são exemplos de casos que chegam ao Canil Municipal através de denúncias. “A gente vem desenvolvendo um trabalho muito importante junto à Polícia Civil e após o registro do Boletim de Ocorrência saímos para fazer a averiguação. Por isso é necessário que as pessoas denunciem. Também é possível denunciar de forma anônima”, defende.
Diante desse cenário, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Saneamento e Sustentabilidade (Semass) promove uma diversidade de ações em prol da proteção animal. Ao longo do ano são realizadas atividades educacionais nas escolas para desde cedo conscientizar as crianças sobre temas como adoção, guarda responsável, cuidados com os animais, maus tratos, controle populacional. Para o público em geral são realizadas campanhas para doação de ração e utensílios a serem destinados a famílias carentes, feiras de adoção, entre outras iniciativas com viés educativo.
Em breve a Semass deverá lançar uma campanha sobre adoção responsável. Para que animais destinados a adoção não sejam novamente abandonados, como explica a veterinária, existe toda uma preocupação na hora de encaminhá-los para um tutor e quem se candidata a adotar precisa atender a certos requisitos e ter condições de suprir as necessidades daquele ser vivo. “É necessário compreender que o animal é um ser senciente e que precisa de cuidados. Precisa de água limpa, de alimento adequado, de abrigo para proteção, de afeto, de cuidados médicos quando necessário e de condições para exercer seu comportamento natural. Isso é guarda responsável”, disse.
Para denúncia de maus tratos:
Diretamente em uma delegacia de polícia, no site “Delegacia Online” ou no Ministério Público
Para adoção:
Canil Municipal, de segunda a sexta-feira, das 8h às 14h (não precisa agendar)
Endereço: Avenida Prefeito Orlando Oscar Baumhardt, 4016 – Linha Santa Cruz (dentro da Granja Municipal)
Telefone: 92001-3395
Visita ao sítio da ONG Cavalo de Lata
Por ocasião da quarta Semana Municipal de Adoção, Proteção e Bem-Estar Animal de Santa Cruz do Sul, um grupo de 40 crianças do Bairro Faxinal, atendidas pelo Cras Beatriz Frantz Jungblut, fará uma visita nesta sexta-feira, 24, ao sítio da ONG Cavalo de Lata.
Na propriedade elas terão contato com os animais, participarão de roda de conversa, conhecerão o Projeto Tampinha na Lata e assistirão uma palestra sobre adoção, guarda responsável, cuidados com os animais, maus tratos e bem-estar animal.