Ricardo Gais
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Na terça-feira, 11, o governo do Estado e a Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) começaram o debate sobre a retomada das aulas presenciais no RS em modelo gradual e escalonado. Pela proposta do governo, as aulas presenciais retornariam apenas nas regiões que estiverem em bandeira amarela e laranja.
A sugestão apresentada pelo Estado propõe o retorno gradual das aulas a partir de 31 de agosto para as redes pública e privada, com o retorno inicial do ensino Infantil, seguido do ensino superior em 14 de setembro, o médio e técnico em 21 de setembro, os anos finais do ensino fundamental em 28 de setembro, e os anos iniciais em 8 de outubro.
A proposta do governo foi vista com bons olhos pelo delegado Regional do Sindicato do Ensino Privado (Sinepe-RS), Nestor Raschen, que diz ter recebido a informação com bom grado, já que este anúncio era aguardado pelos colégios privados. “Estamos preparados já há bastante tempo e atendendo todos os protocolos sanitários para receber os alunos”, disse.
Nestor comenta que a volta inicial do ensino infantil é vista como a principal demanda no momento, já que o ensino remoto não consegue contemplar o estudante como aconteceria na forma presencial. Além de muitos pais não terem condições de deixar o filho aos cuidados de alguém, visto que trabalham durante o dia. “Os espaços escolares estão organizados e atendendo a todos os protocolos de saúde sendo um local seguro para os alunos. É evidente que vamos ter que ensinar as crianças para se cuidarem, mas parte disso já foi feito pelos pais”, argumenta.
Ainda, de acordo com Nestor, as famílias poderão decidir se querem que seus filhos tenham aulas na modalidade presencial ou remota, “vamos atender as duas modalidades”, explicou. “A escola particular está preparada para voltar seguindo todos os protocolos, fazendo o uso de álcool gel, medidor de temperatura, máscara, inclusive, os protocolos foram encaminhados ao Centro de Operação de Emergência em Saúde Municipal (COE-M) para ser analisado”, conclui.
O coordenador da 6ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), Luiz Ricardo Pinho de Moura, disse que ainda não há um posicionamento oficial da categoria pública, já que não foi realizada nenhuma reunião com o secretário de Educação, após o anúncio do governo. “Nessa semana ainda não tivemos reunião e fica precipitado algum posicionamento. Uma reunião da Secretaria da Educação deve acontecer com os coordenadores regionais, e neste primeiro momento a gente está apenas tratando o modelo híbrido com as escolas sobre a possibilidade de volta às aulas. Estamos trabalhando a parte pedagógica, o plano de contingência com o COE-M, de como vai se dar essa possibilidade de retorno, quando houver”, disse.
O governador Eduardo Leite destacou saber que o tema é sensível, mas salienta que a educação não pode ficar como está atualmente. “É evidente que não colocaremos nossas crianças e nossa equipe de educação em risco sem termos segurança dessa redução de contágio”, disse. Para reduzir o nível de exposição na forma presencial, Leite explicou que as aulas devem ser divididas em turnos e horários. “É importante que se mantenha algum nível de contato entre professor e aluno para reduzirmos os danos de aprendizagem devido à pandemia”.
Para garantir a segurança, o Estado prevê a compra de equipamentos de proteção individual para alunos e professores da rede estadual, como mais de 9,8 mil termômetros, mais de 328 mil máscaras de uso infantil, mais de 1,9 milhão de máscaras de tamanho infanto-juvenil e mais de 1,3 milhão de máscaras para adultos (alunos e funcionários). No total, o investimento somente em EPIs será de cerca de R$ 15,3 milhões.
A palavra final sobre o retorno das aulas nos municípios caberá aos prefeitos. De acordo com o secretário da Educação, Faisal Karam, essa é apenas uma proposta e, caso o quadro de contaminação por coronavírus não apresentar melhora, o projeto será revisto. “A autonomia de levar os filhos para a escola é dos pais. Se preferirem não fazer isso, será necessário que o Estado e os municípios busquem alternativas para a continuidade da educação”, destaca.
Ainda não há definição sobre a proposta e os presidentes das 27 associações regionais levarão o tema aos demais prefeitos para formularem suas posições e depois unirem todas em uma proposta única da Famurs, a ser novamente debatida com o governo.
Cronograma proposto de retorno às aulas
31/8 – Ensino Infantil (público e privado)
14/9 – Ensino Superior (público e privado)
21/9 – Ensino Médio e Técnico (público e privado)
28/9 – Ensino Fundamental – anos finais (público e privado)
8/10 – Ensino Fundamental – anos iniciais (público e privado)