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Projeto procura estreitar a relação entre o campo e a sustentabilidade

Iniciativa visa estudantes da zona rural e proporciona que produção, desenvolvimento e sucessão caminhem juntos

JTI mantém ações com foco no meio ambiente e na valorização da agricultura sustentável

A adoção de práticas sustentáveis no campo, já há alguns anos, deixou de figurar apenas nos fóruns de discussões, passando a ser um dos principais pilares da agricultura no mundo todo. Hoje não é aceitável o desenvolvimento econômico sem que haja o equilíbrio entre natureza e produção, visando à boa utilização dos recursos naturais e ao respeito ao meio ambiente.


Dentro desse contexto, a Japan Tobacco International (JTI) mantém ações com foco no meio ambiente e na valorização da agricultura sustentável, o que levou a empresa a patrocinar o projeto Plantando Educação e Sustentabilidade no Campo. A ideia surgiu de Daiane Padilha Oliveira Haas, bióloga e produtora integrada à companhia, e do marido Jerry Fabiano Haas.


O programa iniciou no dia 8 deste mês e consiste em promover aulas práticas no contraturno escolar a cerca de 106 alunos do quinto ao nono ano do ensino fundamental das escolas municipais Manoel Alcides Cunha, de Rio Pardo, e José de Anchieta, de Potreiro Grande, em Passo do Sobrado. As atividades são realizadas no Recanto Itacolomy, balneário de propriedade do casal, na zona rural passo-sobradense.


Os alunos são divididos em turmas para quatro visitas ao local cada um, a fim de aprender sobre agricultura e meio ambiente, áreas de proteção ambiental, tratamento de esgoto, horta orgânica, agrofloresta, estudo da variação das espécies de plantas nativas, princípios e técnicas da bioconstrução, orientações técnicas para o enriquecimento do solo e recuperação de nascentes. “Os estudantes têm contato com a terra e com as plantas, e a ideia é que apliquem em casa o que foi aprendido nas visitas”, explica Daiane.

Atividades são realizadas no Recanto Itacolomy, balneário de
propriedade do casal Daiane e Jerry, em Passo do Sobrado


“Para a JTI, iniciativas voltadas à educação têm grande peso, pois estão alinhadas à estratégia do Programa Alcançando a Redução do Trabalho Infantil pelo Suporte à Educação (Arise). Por isso, ficamos felizes em sermos parceiros nesse projeto que envolve os estudantes em oficinas de contraturno, proporcionando conhecimento, integração, vivências, trocas de experiência. Assim, ajudamos a manter a criança e o jovem mais tempo na escola, um local de formação e desenvolvimento humano”, ressalta Marinês Kittel, supervisora de Projetos Sociais da JTI.

Nascente do projeto

Filha de fumicultores, Daiane nasceu na localidade de Max Brum, em Rio Pardo, e teve contato com a agricultura já na infância, quando, com os irmãos, via os pais na lavoura. Segundo ela, sua infância em meio à natureza teve extrema importância na sua formação, tanto como agricultora quanto bióloga. “A infância no interior foi rodeada de lembranças muito boas. Tinha um lugar onde passava um curso d’água e lá vivemos muitas aventuras. As crianças de hoje não têm esse privilégio, essa liberdade de brincar como nós fazíamos, essa vivência com a natureza e com a agricultura, algo que será resgatado com o projeto”, reflete.


Daiane casou-se aos 18 anos e logo nos primeiros meses teve uma difícil experiência: Jerry sofreu um grave acidente de moto e ficou por meses acamado. Ela conta que precisou do apoio da sua família e da do marido, além de muitos amigos, que a ajudaram a lidar com as tarefas intensas da colheita e nos cuidados com o companheiro. Só assim foi possível também continuar os estudos de Biologia na Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc). “Temos sempre duas escolhas diante de uma situação assim: ou a gente tira alguma lição de tudo isso ou se lamenta. Eu sempre prefiro agradecer pelo aprendizado”, comenta Daiane. Jerry se recuperou e hoje é o grande parceiro na realização de seus sonhos.

Projeto tem o apoio do programa Arise, presente no Brasil há dez anos


Muito ligada à família, Daiane se orgulha da que formou com o marido, com quem teve João Pedro, cinco anos, e Pedro Antônio, dois. “A experiência de ter filhos é um aprendizado que transforma completamente nossa ótica de vida, aquilo que queremos deixar de legado para eles e para o mundo”, enfatiza. O desejo de realizar uma ação ambiental ligada à agricultura foi tomando um lugar importante nas aspirações dela. Sem imaginar, o projeto de educação ambiental teve seu embrião quando o Itacolomy entrou em sua vida. “O Recanto nasceu do sonho de uma bióloga e de um louco”, revela, sorrindo.

Uma proposta no meio rural que transformou o brejo em um belo balneário

Antes de virar balneário, o terreno de propriedade da avó de Daiane era brejo e capim, totalmente abandonado. O casal, no entanto, enxergou ali grande potencial turístico e, em 2012, comprou os primeiros 8 hectares de terra. Aos poucos, foi comprando dos tios-avós as áreas próximas e hoje totalizam 18 hectares. “As pessoas desacreditavam o investimento, mas nós tínhamos o sonho de criar um espaço que aproximasse pessoas e natureza”, frisa. Em 2015, o Recanto do Itacolomy foi inaugurado, oferecendo atividades de lazer e ecoturismo.


Sua essência de agricultora e a formação como bióloga – Daiane se considera agricultora bióloga e não o contrário – lhe causavam grande inquietação, pois sentia que era preciso que as pessoas, ao visitarem o local, tivessem mais do que horas de lazer e bem-estar, mas que vivessem uma experiência efetiva em sustentabilidade. Foi quando decidiram oferecer hospedagem rural aos visitantes, utilizando técnicas da bioconstrução, dando os primeiros passos para o que viria a se concretizar no futuro.

Foz do projeto

Para Daiane, o projeto “Plantando educação e sustentabilidade no campo” vem consolidar a importância das questões ambientais na agricultura. Além de seu trabalho no campo e no Recanto, ela atuou como bióloga concursada em Venâncio Aires. No desempenho de sua função pública, na área de fiscalização e licenciamento, percebeu que muitas vezes as pessoas desconhecem os danos que podem causar ao meio ambiente ao construir um empreendimento ao lado de uma nascente ou ao desmatar vegetação em áreas protegidas.


“Multá-las não fará com que entendam. É preciso criar uma consciência ambiental e mudar essa relação em que o interesse econômico fique sempre bem acima do ambiental”, argumenta Daiane. Dessa intranquilidade nasceu o projeto de educação ambiental voltado para crianças e adolescentes. “Elas serão os futuros agricultores, empresários e gestores”, aponta a agricultora bióloga.


A grade do curso contempla a proteção ambiental integral e reforça a importância da agricultura sustentável como grande geradora de riquezas, além de trabalhar a valorização do agricultor. Como agricultora, Daiane diz que o grande desafio da profissão é o preconceito. Segundo ela, o êxodo dos jovens do campo se dá por conta dessa desvalorização.
“O projeto quer mostrar para os jovens a importância da agricultura para a saúde, para a economia, para a sustentabilidade. Queremos mostrar que ser agricultor é tão importante quanto ser médico ou advogado. Eu mesma, quando estudante, sentia vergonha dos calos nas minhas mãos. Hoje me arrependo de ter tido vergonha. Tenho é muito orgulho”, revela Daiane.

Realização

O projeto “Plantando educação e sustentabilidade no campo” tem o apoio do programa Alcançando a Redução do Trabalho Infantil Pelo Suporte à Educação (Arise), presente no Brasil há dez anos, que desenvolve e incentiva iniciativas voltadas para crianças e adolescentes rurais. A JTI acredita na educação como principal caminho para tirar os jovens do cultivo de tabaco e permitir-lhes um futuro melhor para si e suas comunidades.


“Com apoio da JTI, que acreditou em nós enquanto agricultores que somos, produtores integrados e como profissionais, o projeto saiu do papel. A partir do escopo, fomos moldando juntos as atividades e hoje temos um ótimo conteúdo a ser transmitido para as crianças”, comemora Daiane.