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Programas e ações auxiliam famílias carentes

Em Santa Cruz, CadÚnico soma 7.864 cadastrados com baixa renda. Graças a cozinhas comunitárias, sopões e doações de donativos estas pessoas podem garantir um inverno mais quente

Luciana Mandler
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Eduardo Gonçalves Cruz é morador do Bairro Bom Jesus, em Santa Cruz do Sul. Com 30 anos, trabalha como pedreiro, porém, há um mês está desempregado. Devido à situação financeira, ele e a esposa Keitty Elen Moraes de Quadros buscam sopa na sede do Campo Bom Jesus todas as quintas-feiras para garantir a refeição.

O jovem, no seu último emprego chegou a ficar fora de casa para juntar um dinheiro pensando em ampliar a casa onde mora, já que a residência conta apenas com uma peça. No entanto, ficou sem trabalho e o sonho de ter um lar melhor foi adiado. A esposa, grávida de oito meses logo terá bebê, e até que Eduardo volte a ter uma oportunidade de emprego, o casal precisará se manter com auxílio. Ajuda essa que vem graças aos grupos voluntários e que realizam ações em prol de quem mais precisa.

Até que volte ao mercado de trabalho, Eduardo e a esposa Keitty seguirão contanto com o auxílio do Sopão Solidário do Bairro Bom Jesus. “Se tivesse trabalhando conseguiríamos nos manter melhor. Mas igual sempre contamos com ajuda do grupo. Sempre pegamos rancho aqui”, conta.

Essa não é a realidade apenas de Eduardo e Keitty. Em Santa Cruz do Sul, o número de famílias cadastradas junto ao Cadastro Único (CadÚnico) dos programas do Governo Federal é de 7.864. Já no que se refere ao número de famílias beneficiárias do programa Bolsa Família, na folha de pagamento referente ao mês de maio deste ano, Santa Cruz tem 3.399 famílias.

A diretora de Desenvolvimento Social do Município, assistente social Priscila Froemming, salienta que o referido Cadastro Único é utilizado como base para diversos programas e benefícios, entre eles, Bolsa Família, Programa Minha Casa, Minha Vida, Benefício de Prestação Continuada para Idoso e Pessoa com Deficiência, Carteira do Idoso, Passe Livre para Pessoa com Deficiência, Tarifa Social de Energia Elétrica e Programa de Erradicação do Trabalho Infantil.

Para amenizar as dificuldades que as famílias em vulnerabilidade social passam, através do acompanhamento familiar, ofertado no CRAS (Central, Beatriz e Integrar), Creas e outros serviços da rede, são repassadas orientações e encaminhamentos de concessão de benefícios eventuais de alimentação, transporte, auxílio funeral, móveis e roupas.

Além dos programas que o Cadastro Único oferece acesso, o Município busca capacitar os indivíduos através do Programa Transformação, Mão na Massa, Gente que Costura Amor, e outros cursos e capacitações, conforme aponta Priscila.

Priscila explica que o Município atende as famílias que necessitam de auxílio alimentar com cestas básicas de alimentos ou com alimentação distribuída nas Cozinhas Comunitárias (de segunda a sexta-feira). “Qualquer pessoa poderá fazer a solicitação, sendo o pedido avaliado pelas equipes técnicas dos serviços da secretaria de forma individual, conforme as particularidades de cada caso”.

Neste mês, 658 pessoas estão recebendo alimentação através das Cozinhas Comunitárias. Além dessas, são distribuídos 177 almoços nos Serviços de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, e também para os assistidos que permanecem durante o dia junto ao CAPS. Também é ofertada alimentação aos Abrigos Municipais e Albergue Municipal, todos os dias, inclusive finais de semana, com número aproximado de 51 pessoas.

De janeiro a maio deste ano, o Município entregou aproximadamente 27 toneladas de alimentos, o que equivale a 1.814 cestas básicas, sendo que cada família solicita o benefício de acordo com suas necessidades, sendo a frequência de concessão diretamente ligada à necessidade da família solicitante.

Campanha do Agasalho distribui na cidade e no interior

Em Santa Cruz do Sul, a Campanha do Agasalho segue durante todo o mês de junho diretamente nos CRAS dos bairros Bom Jesus, Santa Vitória e Centro. De acordo com a diretora de Desenvolvimento Social do Município, assistente social Priscila Froemming, a entrega das peças é realizada nesses locais. Para não haver aglomeração, a distribuição é feita pela sistemática de agendamento. “Quem conseguir agendar antes, melhor”, frisa.

No interior já foram entregues roupas em Alto Paredão, Rio Pardinho e Monte Alverne. No Bairro Progresso, na Cozinha, e no Bairro Margarida, no pavilhão, também já foram realizadas doações. “A campanha agora realmente está sendo finalizada. Mas sempre que alguém precisar de roupas temos aqui na secretaria e nos CRAS”, ressalta.

Priscila reforça que as roupas são entregues para quem precisar, não há um critério. “Geralmente se estabelece de cinco a seis peças por pessoa da família. A assistência social é de todos, de quem dela necessitar. Então quem precisar de roupa a gente disponibiliza”, finaliza.

Exemplos de boas ações não faltam

Doação de roupas em 4 de fevereiro deste ano, após as chuvas torrenciais do dia 27 de janeiro (Crédito: Divulgação)

Santa Cruz do Sul está cheia de bons exemplos do que é doar um pouco de amor ao próximo através de ações voluntárias e que beneficiam famílias em vulnerabilidade social. Os exemplos são muitos, mas infelizmente não cabem todos aqui. Porém, é importante que a solidariedade seja mostrada. Um dos exemplos é do Centro Social, Cultural e Educacional Gideões, que desenvolve o Programa Cozinha Solidária, além de campanhas permanentes de arrecadação de agasalhos e outros donativos.

O Programa Cozinha Solidária é realizado desde 1987. Em Santa Cruz do Sul, há três refeitórios, nos bairros Bom Jesus, Faxinal e Santa Vitória, onde são ofertados almoços diários. Segundo a assistente social do Centro Social Gedeões, Paloma Goulart Boezzio da Silva, são entregues 400 refeições diárias. “Em 2020 foram servidas aproximadamente 100.000 refeições. Em tempos de pandemia, os usuários não puderam fazer as refeições no local, por isso, foram feitas marmitas que puderam levar para casa”.

Além da distribuição de refeições, o Centro Social Gedeões conta com uma campanha permanente de arrecadação de agasalhos e outros donativos como alimentos, fraldas, material escolar, produtos de higiene e limpeza, roupa de cama, entre outros. “O ponto de arrecadação é na sede da entidade, situada na Rua Princesa Isabel, nº 24, no Bairro Senai”, destaca.

A distribuição desses donativos se dá em locais nos bairros carentes. Também são auxiliadas famílias encaminhadas pela rede e CRAS. “Muitos donativos são também absorvidos na manutenção dos próprios programas, como alimentos para as cozinhas e roupas para o programa Casa-lar”, explica Paloma.

A assistente social aponta ainda o programa de auxílio a famílias. “Que dá assistência a famílias que passam por situação emergencial como sinistros, calamidade, desemprego, morte do responsável, idosos carentes, entre outras situações que desafiam a manutenção de famílias para serviços da rede, emprego e outras demandas”, pontua.

O Centro conta com colaboradores e voluntários que atuam nos programas e ações. As doações são recebidas de pessoas físicas e jurídicas, parceria com Poder Público municipal e apoio da Igreja Assembleia de Deus. Paloma reforça que as doações em prol da entidade servem para auxiliar centenas de pessoas e manter programas e ações já existentes.

Grupo do Bem: a ajuda ao próximo

Grupo do Bem junto a doações de cestas básicas (Crédito: Divulgação)

Com o lema “Fazer o bem sem olhar a quem”, o Grupo do Bem, que existe há mais de 15 anos, mas que começou timidamente e desde o ano passado cresceu tanto na quantidade de voluntários quanto de ações, é outro bom exemplo a ser apresentado. Com 190 voluntários, o Grupo realiza as mais diferentes ações em prol daqueles que necessitam. Inclusive, para a coordenadora do Grupo do Bem, Luciana Antonia Tremea, é impossível dizer em números quantas famílias e pessoas já receberam o auxílio.

Para exemplificar, Luciana revela que no ano passado, quando o Grupo do Bem em parceria com a Unisc fazia sopa todos os sábados, eram entregues de 800 a 1.200 pratos do alimento. E ela ainda reforça: “não são só famílias de Santa Cruz do Sul que recebem a nossa ajuda. Mas também cidades vizinhas como Sinimbu, Vera Cruz, Passo do Sobrado, Rio Pardo. Já mandamos doações até para São Paulo e Porto Alegre”, alegra-se.

Com o perfil de ajudar o próximo, as ações vão desde entrega de ranchos, roupas, cobertores, roupas de cama, móveis, colchões, alimentos, medicamentos, enfim, não há limite para o tipo de doação, tampouco de entrega. Nessa quinta, 18, por exemplo, o Grupo fez a distribuição de cachorro-quente. “Ajudamos pessoas que têm suas casas queimadas. Ou seja, realmente são inúmeras ações”, frisa.
Luciana salienta que todos podem ajudar o Grupo do Bem e que qualquer pessoa pode ser um voluntário. Apesar das diversas parcerias com empresas, padarias, lojas, comércio, indústrias, a coordenadora do Grupo salienta que para o bem todo auxílio é bem-vindo.

Para ela, poder ajudar o próximo é algo muito gratificante. “É prazeroso. Falamos sempre que quem ganha somos nós que estamos fazendo a ação, porque fazer o bem sem olhar a quem é o nosso lema. E isso nos faz muito bem”, sublinha. “O Grupo do Bem é amor, carinho, dedicação, é o voluntariado. O Grupo do Bem é a ajuda ao próximo”, finaliza.

200 famílias são beneficiadas com Sopão Solidário do Bom Jesus

Sopa é distribuída todas as quintas-feiras, na sede do Campo Bom Jesus (Crédito: Divulgação)

Outro exemplo de compaixão ao próximo está no Bairro Bom Jesus, onde um grupo com cinco voluntárias da localidade, através do Comitê Solidário, e posterior auxílio do Grupo do Bem, todas as quintas-feiras, preparam o Sopão Solidário, que é distribuído na sede do Campo Bom Jesus.

Para que o alimento seja entregue a famílias carentes entre 17h e 17h30, desde às 13h elas já organizam os preparativos, picam legumes e enfrentam o fogão para proporcionar comida a quem mais precisa.

Uma vez por semana (nas quintas), sete panelas estão recheadas não só de nutrientes que o corpo precisa, mas de amor e carinho, já que a sopa é feita por mãos que doam um pouco de si e do afeto das voluntárias. São cerca de 200 famílias atendidas.

Conforme Maria Estela Miranda da Rosa, uma das voluntárias, as famílias trazem panelas ou potes para armazenar o alimento. No momento, devido a poucas doações que têm recebido, as famílias têm sido contempladas apenas com a sopa. “Quando recebemos doação de pães, entregamos também”, conta.

Inclusive, este é um apelo que a voluntária faz: por mais doações. “Há muitas pessoas idosas e famílias com muitas crianças. Precisamos ajudá-los”, pontua. O alimento é preparado com auxílio de doações que tanto o Comitê Solidário quanto o Grupo do Bem adquirem, mas qualquer pessoa pode colaborar, seja empresários ou até mesmo pessoas físicas. “Se tivermos mais doações, temos a possibilidade, inclusive, de fazer a sopa duas vezes na semana, o que seria muito bom, ainda mais neste frio”, diz. O grupo retomou as atividades há cerca de um ano e não pretende parar tão cedo. Tudo, para ajudar quem mais precisa.