Início Especiais Profissional essencial no planejamento da construção

Profissional essencial no planejamento da construção

Sara Rohde
[email protected]

No domingo, 15, se comemora o Dia do Arquiteto e Urbanista, profissional responsável por idealizar projetos de imóveis, planejar as construções de espaços urbanos, casas e prédios de acordo com as necessidades das pessoas. O profissional é responsável por tornar o ambiente habitável, estético e confortável. É ele que desenha cada detalhe da construção, bem como o tamanho da área, aberturas, acabamentos, encanamento da água, esgoto e instalação da fiação elétrica. Ele estuda a planta e a fachada, a estrutura interna, o material usado na obra e se dedica inteiramente ao projeto, com visitas periódicas do início ao final da construção.
Em alusão a data o Riovale Jornal conversou com a presidente da Sociedade dos Engenheiros e Arquitetos de Santa Cruz do Sul (Seasc), a arquiteta e urbanista Patrícia Lopes Silva. A profissional de 32 anos, formada pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), falou sobre os desafios da profissão, expectativas para o próximo ano além do significado em ter escolhido a área.

Riovale Jornal: O que significa ser arquiteta e urbanista?
Patrícia Lopes Silva:
É ter a oportunidade de realizar sonhos. É ser um pouquinho de psicólogo, artista, engenheiro, administrador, contador… Todos nós temos que ser um pouquinho de tudo hoje em dia, e com o profissional de arquitetura não é diferente. Nós lidamos com pessoas nos mais diferenciados níveis. Aqueles que estão construindo pela primeira vez e realizando o sonho da casa própria, investindo todas as suas economias numa obra; os investidores que estão construindo prédios e querem qualidade e rentabilidade para o empreendimento, o empresário que quer um espaço usual e prático seja para área comercial, para área da saúde e atendimento ao público, seja no ramo institucional ou no setor público, dentro da universidade ou planejando leis e diretrizes que regem o desenvolvimento de uma cidade. Os arquitetos estão em todos esses lugares contribuindo com suas habilidades criativas, artísticas, mas também racionalizando seja no orçamento de custos ou na área estrutural, até administrando um canteiro de obras ou equipes de trabalho.

RJ: Desde quando atua na área? Em alguma empresa específica?
Patrícia:
Fui formada pela Unisc em 2011, mas atuo na área desde que entrei no curso estagiando em diversos escritórios, Prefeitura, empresas de construção. Atualmente, além de ser presidente da Seasc, tenho um escritório de arquitetura onde desenvolvo projetos arquitetônicos e acompanhamento de obras, presto serviços de projetos para a Construtora Vêneto e tenho uma empresa de maquetes físicas, a DP Studio, outro amor que o curso de arquitetura me trouxe.

RJ: Por que escolheu esta profissão?
Patrícia:
Muita gente acha que para entrar nessa faculdade tem que ser especialista em desenho ou ótimo em matemática, ou ainda que o curso vai trabalhar muito com a área de interiores e não é assim, bem pelo contrário. As habilidades vão sendo ensinadas, desenvolvidas e praticadas, é um curso muito trabalhoso e cansativo e tem um índice de desistência bem alto devido a isso mas, a Arquitetura e Urbanismo tem um mercado muito abrangente, você pode seguir a carreira de escritório e projetos, área de interiores e moveleira, setor público, ser professor, pesquisador, seguir para uma área do urbanismo ou de história, foi essa abrangência que me chamou atenção no curso. Então quem se forma nesta profissão é porque verdadeiramente ama o que faz.

Patr’cia Lopes Silva: 'quem se forma nesta profiss‹o Ž porque verdadeiramente ama o que faz'

RJ: Qual maior obstáculo nos dias atuais?
Patrícia:
Acho que dentro das dificuldades poderia citar a entrada no mercado de trabalho até a estabilidade. É complicado em todas as profissões e é por isso que é muito importante ir criando experiências de trabalho durante a fase de estudo, participando de entidades de classe, fazendo network, criando relacionamentos, conhecendo pessoas, aprendendo sobre a parte financeira e cobrança e se informando sobre todas as novidades do mercado. Isso é essencial, pois o profissional já sai pelo menos conhecendo o cenário e sabendo para qual direção ir e onde se especializar. E a outra questão seria brigar pelo nosso espaço no mercado de trabalho, coisa que o nosso Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU) tem batido muito forte atualmente. Mostrar para a comunidade o quanto o trabalho dos arquitetos pode trazer economia, qualidade de vida e praticidade ao mesmo tempo. 

RJ: E a maior alegria, vitória?
Patrícia:
Acho que é acompanhar a concretização de sonhos. Idealizar em conjunto, sonhar, organizar, planejar, trabalhar arduamente, mudar, mudar de novo, mudar mais um pouco (porque afinal estamos sempre em atualização né), detalhar, acompanhar, executar, superar as adversidades encontradas no processo e depois ver a concretização daquele sonho inicial. Ter a oportunidade de passar por todo esse processo de aprendizado e depois ver o resultado final é motivo de muita alegria, e ver o resultado na vida e na realização das pessoas que usufruem é motivo de vitória.

RJ: Neste domingo será comemorado o Dia do Arquiteto e Urbanista, o que tem de novidade no setor? 
Patrícia:
Tecnologia e diferenciação na forma como se vivencia o espaço hoje. A tecnologia vem através de softwares e programas que facilitam na apresentação e controle de projetos e também nas novas tecnologias de construção, formas de execução, materiais, etc. Mas o principal se dá na forma como a sociedade vem evoluindo e mudando as características dos espaços. As pessoas já não querem mais espaços com casas enormes e todas compartimentadas, estão buscando por espaços cada vez mais integrados, reduzidos e compartilhados, serviços com outros usuários criando zonas coworking, coliving.

RJ: O que representa ser mulher e atuar nesta área? 
Patrícia:
Significa que você tem que se esforçar o dobro, correr o dobro, enfrentar olhares de desaprovação e descrédito muitas vezes, mas também significa que estamos ocupando espaços antes predominantemente de homens e começando a mudar isso. O mercado da arquitetura já tem mais de 60% de mulheres, isso acontece pela entrada das jovens profissionais no mercado e espero que no futuro possamos viver em uma situação mais igualitária.

RJ: Qual o cuidado em realizar um projeto? Quais diferenciais? 
Patrícia:
Planejamento! Muito em alta está o termo Coach. Que nada mais é que um treinador planejador. O arquiteto faz Coach de seus projetos e obras há muito tempo. A questão toda é fazer um bom planejamento, das necessidades do cliente, do que ele quer e do que ele precisa que são coisas diferentes muitas vezes, dos custos, dos valores disponíveis para investimento, do lucro, do cronograma da obra, do acompanhamento da obra, do controle de qualidade até o acabamento final e um pós-obra. Tudo uma questão de Planejamento e muito trabalho envolvido!

RJ: Quais as expectativas para o próximo ano? Dicas?
Patrícia:
Para o próximo ano as perspectivas para o setor da construção civil são otimistas. Com a situação econômica instável uma das formas de recuperação de PIB e emprego mais rápidas é através da construção civil e financiamentos residenciais. Portanto a dica é ficar esperto e correr atrás destas oportunidades.