Em 16 de Junho ocorreu no Colégio Mauá, em Santa Cruz do Sul, a Feira das Profissões. Um evento que envolveu profissionais de diversas áreas, que palestraram a mais de três centenas de estudantes do ensino médio, e os levou a refletir sobre a escolha da profissão. Pode parecer fácil, e até pode ser fácil escolher uma profissão. Mas, uma decisão pensada e consciente não é tão simples. Requer uma autoavaliação, uma análise profunda das aptidões de cada um, e isto é difícil de ser feito por um jovem. Uma análise bem elaborada é feita pelas avaliações das aptidões natas e das adquiridas, exercício que pode ser desenvolvido desde a primeira infância. Concordo que tudo tem seu tempo, mas o preparo para a vida se faz nas entrelinhas de todos os tempos.
O que mais se ouve na hora de escolher uma profissão “- Filho, escolha fazer uma coisa que você gosta”. A este respeito, há quase oito anos guardei a página 22 da edição da revista Veja de 24 de novembro de 2004. Num artigo intitulado “Fazer o que se gosta”, o colunista Stephen Kanitz (administrador pela universidade Harvard) disse que “na escolha da profissão, recomendar fazer o que se gosta é um conselho confuso e equivocado”. E segue: “Empresas pagam a profissionais para fazer o que a comunidade acha importante ser feito, não aquilo que os funcionários gostariam de fazer, que normalmente é jogar futebol, ler um livro ou tomar chope na praia. Empresas, hospitais, entidades beneficentes estão aí para fazer o que é preciso ser feito, aos sábados, domingos e feriados. Eu respeito muito mais os altruístas que fazem aquilo que tem que ser feito do que os egoístas que só querem fazer o que gostam. Então teremos que trabalhar em algo que odiamos, condenados a uma vida profissional chata e opressiva? Existe um final feliz. A saída para este dilema é aprender a gostar do que você faz. E isso é mais fácil do que se pensa. Basta fazer seu trabalho com esmero, bem feito. Curta o prazer da excelência, o prazer estático da qualidade e da perfeição. Aliás, isso não é um conselho simplesmente profissional, é um conselho de vida. Se algo vale a pena ser feito na vida, vale a pena ser bem feito. Viva com esse objetivo. Você poderá não ficar rico, mas será feliz. Provavelmente nada lhe faltará, porque se paga melhor àqueles que fazem o trabalho bem feito do que àqueles que fazem o mínimo necessário. Se quiser procurar algo, descubra suas habilidades naturais, que permitirão que realize seu trabalho com distinção e o colocarão à frente dos demais. Muitos profissionais odeiam o que fazem porque não se preparam adequadamente, não estudaram o suficiente, não sabem fazer aquilo que gostam, e aí odeiam o que fazem mal feito.” Stephen Kanitz conclui: “Se você não gosta de seu trabalho, tente fazê-lo bem feito. Seja o melhor em sua área, destaque-se pela precisão. Você será aplaudido, valorizado, procurado, e outras portas se abrirão. Começará a ser até criativo, inventando coisa nova, e isso é um raro prazer”.
Está de parabéns o Colégio Mauá por abordar a temática “Carreiras e Escolha da Profissão”, bem como as outras escolas que também o fazem. A escolha consciente de uma carreira profissional requer uma reflexão em que se aglutinam todas as experiências já vividas. Não deve ser influenciada, mas orientada. Importa saber que pode haver confluência, e que isto é diferente de influência. É importante que se tenha ambição, e que isto é diferente de ter ganância. Que se tenha claro a importância do equilíbrio entre o ser e o ter, e que o exercício de um consumismo desenfreado e a busca de uma ostentação exagerada refletem um desvio extensivo – e possivelmente compensatório – da vaidade, e isto está longe de ser autoestima. Escolher uma profissão é aprender uma parte do que viemos fazer no mundo. Não que tenhamos que ser o melhor do mundo, mas dar a ele o melhor de nós. Fazer bem o que precisa ser feito, comprometido com a empresa, o chefe e a sociedade, parece ser o melhor caminho para uma carreira de sucesso, e feliz.