Nelson Treglia
[email protected]
De olho no Dia do Professor, 15 de outubro, o ‘Riovale’ conversou com a diretora de uma das maiores escolas públicas de Santa Cruz do Sul. Trata-se de Larissa Senna da Silva, diretora da escola estadual Goiás. Nesta entrevista, Larissa lembra que, desde criança, já tinha interesse em dar aulas. Ela recorda sua trajetória na profissão até chegar à Direção do Goiás. “Ser diretora da Escola Goiás é uma honra e um desafio diário”, afirma a professora.
Sobre a realidade da educação pública no Brasil, Larissa diz que esta questão tem se tornado “bastante delicada”. Mas ela garante que a profissão traz muitas satisfações. Larissa realça que o professor deve amar seu trabalho, pois a profissão “é a mais nobre que existe”. Confira a entrevista:
Riovale – Professora, como iniciou sua trajetória como profissional desta área? Por que resolveu escolher esta profissão?
Larissa – Escolhi ser professora, desde que me lembro de pensar em futuro, quando criança, colocava todas minhas bonecas e bichinhos de borracha e pelúcia sentados e dava aula a eles. Com 12 anos já tinha alunos (crianças da vizinhança) de 7, 8 anos para dar aula de reforço (ajudar nos temas). Aos 13 anos comecei a trabalhar no extinto Mobral que tinha o objetivo de alfabetizar adultos. Com 17 anos me formei no Magistério em Cachoeira do Sul e aos 18 anos comecei a trabalhar no Colégio São Luís em Santa Cruz do Sul, onde lecionei para turmas do Ensino Fundamental por treze anos. Durante esse período fiz concurso para rede pública estadual e em 1994 comecei a trabalhar na Rede Estadual, inicialmente na Escola Luiz Dourado, na Escola Goiás entrei em 1998, em 2009, assumi a vice-direção do turno da manhã na Escola e de tarde continuei como professora de sala de aula. Em fevereiro de 2011 assumi a Direção da Escola, essa é um pouco da minha trajetória como professora.
Riovale – Quais as disciplinas (matérias) em que a senhora atua? Qual o motivo de tê-las escolhido?
Larissa – Nos anos que trabalhei em sala de aula, lecionei para turmas do Ensino Fundamental, séries iniciais, onde se trabalha com todas as disciplinas de História e Geografia que são as disciplinas da minha área de formação. Escolhi essa área por dois motivos: o primeiro foi a inspiração e admiração pela minha professora de história Sônia Lara que transmitia os conhecimentos com tamanha paixão que me encantaram, o segundo foi minha vontade de conhecer e entender o mundo.
Riovale – A senhora entende que esta profissão traz muitas realizações para o trabalhador? Quais são suas principais realizações trabalhando como professora?
Larissa – O magistério é uma profissão que traz muitas realizações, ver uma criança aprender a ler, aprender a ser sociável, acompanhar as surpresas e descobertas nas áreas das Ciências, História e Geografia, ver a alegria da aprovação, o agito dos intervalos, o reconhecimento das famílias, ver teus alunos adultos, com famílias constituídas e pensar que tu ajudaste na formação daquele cidadão é realmente muito bom.
Riovale – Como é ser diretora de uma escola como o Goiás? Quais as qualidades que o profissional precisa ter para desempenhar essa função de liderança?
Larissa – Ser diretora da Escola Goiás é uma honra e um desafio diário, honra por estar à frente de um grupo de profissionais excelentes e de estar diretamente envolvida com mais de 1.000 famílias da comunidade santa-cruzense, sendo muitas vezes o Norte e a direção para essas pessoas, por outro lado, temos o desafio de lidar com uma comunidade bastante crítica e com um governo que muitas vezes não valoriza os seus profissionais. As qualidades que um diretor deve ter são muitas, em primeiro lugar amar o que faz, ser competente, criativo, justo, ter firmeza e ao mesmo tempo sensibilidade, saber da autoridade e liderança que exerce, mas sem ser autoritário.
Riovale – Como a senhora vê atualmente a situação da educação pública?
Larissa – A educação pública no Brasil tem se tornado uma questão bastante delicada, pois cada governo quer implantar a sua proposta de governo e com isso, muitas vezes a cada quatro anos, temos que nos adaptar a todas as mudanças. Além disso, a falta de valorização dos profissionais, as verbas que muitas vezes não são suficientes para manutenção das estruturas, a falta de recursos humanos que algumas escolas enfrentam, tudo isso coloca a educação pública numa situação bastante delicada.
Riovale – A senhora acredita que os professores deveriam ser mais respeitados pelos alunos e pela sociedade brasileira? Por quê?
Larissa – Com certeza. Não me refiro a minha escola, pois felizmente nossa comunidade escolar é muito boa e, com raras exceções, todos nos respeitam. Porém, o que se vê Brasil afora é um absurdo o desrespeito com os professores, as humilhações que os educadores têm de passar.
Riovale – O que representa para a senhora o Dia do Professor? Qual a mensagem que a senhora deixa nesta data?
Larissa – O Dia do Professor é o dia dedicado a se homenagear todos aqueles que são responsáveis pelo desenvolvimento da educação e do conhecimento.
A mensagem que gostaria de deixar aos colegas de profissão é que se o professor não existisse, não teríamos médicos, dentistas, enfermeiros, fisioterapeutas, engenheiros, eletricistas… Por isso ame sua profissão, ela é a mais nobre que existe.