Ao emitir pedido de reconsideração ao Governo do Estado, para que Santa Cruz permaneça na bandeira laranja, o prefeito Telmo Kirst foi incisivo em seus argumentos, enumerando ações preventivas realizadas de forma antecipada em relação aos demais municípios do Estado, e reforçou, através de dados e números, que o município seria injustiçado, caso for determinado o ingresso na bandeira vermelha.
Alegando ainda, que Santa Cruz está em uma situação divergente dos demais municípios do Vale do Rio Pardo, justamente por ter se antecipado à adoção de medidas de prevenção no enfrentamento da pandemia, Telmo não aceita que Santa Cruz seja avaliado em um patamar semelhante a outras cidades. “Muito antes de o Brasil confirmar o primeiro caso de Covid-19, nossa Secretaria de Saúde já estava agindo”, declarou, elencando ações como a capacitação de profissionais da área e o levantamento, junto a agências de viagens, empresas do setor do tabaco, indústrias e hotéis, quanto aos visitantes estrangeiros.
Lembrando que o primeiro caso de coronavírus confirmado em Santa Cruz só apareceu em 5 de abril, o prefeito destaca que ainda em fevereiro, o município apresentou um plano de contingenciamento, detalhando fluxos, ações e medidas de prevenção. “Embora os primeiros suspeitos tenham aparecido no final de fevereiro e início de março e, ainda assim, tiveram o teste negativado, a Prefeitura e o Hospital Santa Cruz estavam preparados para dar todo o suporte aos pacientes”, afirma.
O prefeito recorda ainda das medidas adotadas com antecedência. A primeira delas, em 17 de março, foi a publicação do decreto 10.562, que instituiu medidas preventivas como a suspensão das aulas na rede municipal. Na mesma data, conforme Telmo, foi criado o Gabinete de Emergências, com lideranças de entidades representativas da comunidade, com o objetivo de discutir orientações para ajudar no enfrentamento à Covid-19.
“Este grupo, com técnicos da área da saúde e de segmentos importantes de Santa Cruz, está de parabéns pela atuação. As deliberações do grupo me deram suporte e fundamento para as minhas decisões. Os números de óbitos em Santa Cruz comprovam isso, tivemos muito mais acertos do que erros”, disse.
Telmo destaca ainda que outra decisão importante foi tomada em 19 de março, quando o Executivo publicou a declaração de Estado de Calamidade Pública, determinando o fechamento de obras, do comércio, da indústria e dos serviços considerados não essenciais. “Esta antecipação foi fundamental e necessária, aconteceu na hora certa. A comunidade colaborou e agora colhemos os frutos daquele período. Enquanto muitos municípios até menores que Santa Cruz apresentam números alarmantes de mortes, aqui, felizmente tivemos só duas até o momento”, comparou Telmo.
A medida perdurou por trinta dias, muito além do que previa o decreto do Governo do Estado na época. “O decreto Municipal sempre foi mais restritivo que o do Estado, porque queríamos preservar a saúde da população santa-cruzense. E se compararmos com outras regiões do Estado, é da própria região metropolitana, agora sabemos que agimos forte e corretamente na época”, diz.
No recurso, Telmo ressalta ainda a importância da instalação do Hospital de Campanha em tempo recorde. “Fomos pioneiros no Estado na instalação dessa estrutura para atendimento de pacientes com suspeita ou confirmação de Covid-19. Até semana passada foram realizados mais de 3 mil atendimentos.”
Outra iniciativa importante, destacada por Telmo, é o investimento do Município na aquisição de testes. “A prefeitura investiu mais de R$ 300 mil para a aquisição de materiais de testes, para análise na Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc)”, destacou. Como forma de prevenção, Telmo cita mais uma iniciativa que será adotada no município a partir do próximo dia 1º de agosto: a aplicação de multas para quem estiver em aglomerações. “É uma medida drástica, preventiva e necessária. Se queremos evitar a velocidade do contágio, precisamos que a população colabore como vem colaborando desde o início da pandemia”, declarou.
Outro argumento lembrado pelo prefeito com relação ao recurso, é de que a maioria dos pacientes internados com Covid-19, não são de Santa Cruz, e nem da região 28. “Não podemos ser penalizados pela displicência de outros municípios do Estado”, conclui.