Com uma fala dura, clara e objetiva, a prefeita de Santa Cruz do Sul, Helena Hermany, cobrou na manhã desta terça-feira, 19, durante a primeira reunião entre a Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) e a comissão de acompanhamento do contrato, após sua reativação, uma atuação mais forte da estatal no sentido de dar um fim aos frequentes casos de desabastecimento de água no Município.
Logo de início a prefeita deu um recado firme à companhia dizendo que situações como as vividas nos primeiros dias do ano, quando milhares de famílias de diversos bairros ficaram sem água, não poderão mais ser toleradas e que a população anseia por respostas concretas e não por justificativas. “Não concordo com a forma como o povo está sendo tratado. Ficar sem água um dia que seja é um horror, três a quatro dias então, é inadmissível. Os problemas são graves e recorrentes e isso tem que ter fim”, disse.
Com o resgate da comissão de acompanhamento, cuja portaria foi assinada no ato, a prefeita espera mais efetividade daqui por diante no acompanhamento do contrato com a Corsan por parte do Poder Público, mas não descarta medidas mais enérgicas caso a situação atual não se altere. Acredito que o diálogo seja sempre o melhor caminho e esse é o primeiro passo, mas se não se os problemas não forem resolvidos por esta via, lembro que já denuncie o contrato uma vez, portanto não me custará denunciar de novo”, alertou.
Em seu primeiro contato com o novo governo municipal, o presidente da Corsan, Roberto Barbuti, ouviu atentamente as manifestações da comissão e afirmou que o diálogo aberto e franco é a melhor forma para o encaminhamento das soluções. Ele disse que a companhia está atenta às reclamações, que entende o sentimento de indignação de todos os envolvidos e que reconhece as falhas cometidas no cumprimento do contrato. “Temos planos de curto e médio prazos que vão permitir que alcancemos, dentro dessa gestão, um patamar diferenciado. Estamos conscientes desse desafio”.
Ao se pronunciar o presidente da Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados (Agerst), Auro Schilling, salientou que a agência sempre esteve presente na relação entre o poder concedente e a Corsan e que a reativação da comissão de acompanhamento é justamente o braço que faltava para os trâmites operacionais. “Atuamos e autuamos a Corsan diversas vezes, mas isso não traz de volta a água para a torneira das pessoas. Não queremos inchar de multa a companhia, mas encaminhar para uma solução eficaz”.
Nesta quarta-feira, a minuta de um termo de compromisso será votada e encaminhada as partes para que se manifestem sobre a adesão. O documento trata de ações não cumpridas no prazo estabelecido pelo contrato firmado em 2014, como por exemplo, o reservatório pulmão da cidade alta, cuja conclusão estava prevista para 2016 e foi postergada para 2026. Pela proposta o compromisso será firmado para 2023.
A mudança de postura por parte do Município com o advento da nova gestão foi destacada pelo promotor de Defesa Comunitária, Érico Barin. “Vejo com bons olhos a presença mais ostensiva por parte do Município. Não tínhamos isso e agora estamos visualizando”, disse ele. Barin ressalta que o Ministério Público e a Agerst têm se debruçado sobre o contrato e que é preciso mais ação e menos justificativas.
“O contrato não é da prefeitura, não é a da Agerts, não é do MP, o contrato é da população. São as pessoas que estão sofrendo diariamente os percalços da execução inadequada desse contrato”. Ao se dirigir a imprensa ele ainda chamou atenção ao slogan da companhia: Evolução é o que nos define. “É hora de mostrar que esse slogan não são só palavras para que tenhamos a realidade transformada em um curto espaço de tempo”.
Além do presidente da Corsan e demais representantes, participaram da reunião membros do MP, Agerst, Comitê Pardo, secretarias municipais de Meio Ambiente, Saneamento e Sustentabilidade, de Planejamento, Orçamento e Gestão e Procuradoria Geral do Município.