Mesmo sabendo reconhecer jovens talentosos desde a categoria de base, o Brasil se tornou um exportador de grandes jogadores – é como se o nosso país fosse um caça talentos de atletas para os clubes europeus, asiáticos e americanos. Mas, você deve estar se perguntando: se temos profissionais de destaque no mundo do futebol, por que estamos tão atrasados neste esporte?
A grande questão é que a ambição financeira, que perdura no nosso país, faz com que clubes e empresários foquem no retorno e deixem de investir na capacitação dos profissionais e nos cuidados com a saúde e planejamento de cada atleta. O dinheiro tem sido tão importante quanto a qualidade do futebol que até mesmo a construção de uma arena foi investigada pelo pagamento de propina no valor de R$ 400 milhões, condenando um grande clube e outras empresas.
Vamos recordar, também, o triste e marcante dia do 7X1 na Copa do Mundo de 2014. Nitidamente, a falta de preparo e, principalmente, a desestabilidade emocional tomou conta da Seleção Brasileira que, sem muito lutar, perdeu para a Alemanha. Naquele momento, um abismo se formou entre o desempenho que se via nos gramados europeus e o que poderia ser visto aqui.
Alguns jovens prodígios podem até ganhar visibilidade de forma mundial, mas, infelizmente, não recebem o apoio profissional e emocional que merecem quando estão no Brasil – é aí que percebemos o porquê de os clubes internacionais serem tão cobiçados pelos jogadores. Investir financeiramente em cursos de formação para os técnicos, atendimento psicológico para os atletas, profissionais que auxiliem na rotina de treinos, seria o início de uma das soluções.
O “país do futebol” continua sendo a origem de grandes craques, mas a falta de investimentos, planejamento, visão e estímulos para a manutenção de talentos e desenvolvimento do esporte se revela em atraso.
*Bruno Vieira é psicólogo e possui especialização em Psicologia e Desempenho Esportivo pelo FC Barcelona