Luísa Ziemann
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Há 133 anos, um disco de massa coberta por molho de tomate, queijo e recheio a gosto conquista o paladar das pessoas ao redor do mundo. Com ou sem borda, feita em forno à lenha, industrial ou caseiro, seja qual for seu tamanho ou sabor, a pizza é famosa e fácil de agradar. Essa paixão mundial, que pode ser encontrada nas mais variadas formas por aí, tem até mesmo um dia nacional para chamar de seu: 10 de julho. Ou seja, neste domingo. O formato que se conhece hoje foi criado na Itália. Desde então, a pizza ganhou, ao longo dos anos, muitas variações em todo o mundo. Cada país acrescentou à receita tradicional elementos únicos. A história desse alimento é muito antiga e as primeiras notícias sobre o seu surgimento vieram do Egito. Mas não tinha muito a ver com as massas redondas de hoje em dia.
Há mais de 6 mil anos, os egípcios produziram uma massa bem fina, em forma de disco e com a base de farinha e água. Com o passar do tempo, outras culturas foram se apropriando da receita e acrescentando ingredientes. Até que a pizza chegou nos italianos. Foi na Itália, a partir de 1889, que ela ficou mais conhecida, sobretudo pelo interesse da monarquia na iguaria. Com isso, em cima do disco feito de farinha e água, foi acrescentada uma receita de molho de tomate, muçarela e manjericão.
DA ITÁLIA PARA O MUNDO
A tecnóloga em Gastronomia e auxiliar técnica do curso de Gastronomia da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Luciana Oracy Cassaboni, explica que foram os italianos os responsáveis por disseminar a cultura da pizza ao redor do mundo. “Isso ocorreu principalmente durante a imigração destes povos para as Américas, quando foram abrindo pizzarias em todos os lugares”, conta.
No Brasil, a primeira pizza de que se tem conhecimento foi trazida pelos imigrantes italianos, que desembarcaram em São Paulo no início do século passado. Em 1910, Carmino Corvino abriu um estabelecimento no famoso bairro do Brás. A primeira pizzaria brasileira acabou fechando anos depois, mas deixou espaço para que milhares espaços do mesmo modelo se espalhassem pelo Brasil. A pizza caiu no gosto popular e foi abrasileirada. Assim, diversos sabores conhecidos hoje nasceram e se adaptaram em cada Estado.
Luciana salienta que, atualmente, a refeição é servida das mais variadas formas. “Além da tradicional pizza à moda italiana, existe a pizza de Chicago, a de Nova York, a pizza brasileira, argentina, romana, entre muitas outras”, comenta. Cada uma possui um modo de preparo diferente, bem como os sabores do seu recheio são incontáveis. No entanto, a chef de cozinha lembra que dois pontos são essenciais para uma boa pizza. “Uma boa massa e um bom molho são as bases iniciais.” E ainda sugere um estilo diferente para quem deseja empreender no ramo. “Em Santa Cruz, seria interessante a abertura de uma pizzaria no estilo romana, onde as fatias são servidas para comer na mão.”
SABOR QUE É DAQUI
Em Santa Cruz do Sul, opções não faltam quando o assunto são pizzas – feitas no forno à lenha, servidas em rodízio ou entregues via delivery. Para o empresário Carlos Eduardo Pereira, o Cadu, sócio-proprietário da Hausinha e da Haus, para se destacar é preciso inovar. “Todas as pizzas em si possuem suas peculiaridades. Tanto a Haus como a Hausinha focam em pizzas de massas de longa fermentação, mais leves, e com muito recheio. Não sei se existe um segredo propriamente dito para se destacar. Mas todo tipo de segmento necessita de um produto verdadeiro e com produtos frescos. Oferecer um bom produto é uma responsabilidade e tanto”, enfatiza.
Cadu acredita que é muito importante sempre se reinventar, oferecer sabores diversificados e apresentar novidades para seus clientes de tempos em tempos. “Fizemos uma mescla de sabores tradicionais e outros diferentes. Alguns se destacam por lembrar de alguma região propriamente dita. A Campeira, por exemplo, leva linguiça na receita, algo muito presente na culinária alemã e, por isso, em Santa Cruz do Sul. Também temos a Garibaldi, que lembra as características da serra gaúcha e o cultivo de uva”, exemplifica.
O empreendedor acredita que, mesmo com inúmeras pizzarias instaladas na cidade, o segmento ainda não está saturado. Pelo contrário, sempre é possível diversificar mais o ramo. “O principal conselho para quem pensa em investir nessa área é ter calma. Terão dias difíceis, mas haverá, na maioria do tempo, dias muitos satisfatórios. Investir, empreender não é tão simples. Acaba levando um tempo, mas você fazer parte da vida de muitas pessoas, dando oportunidade de trabalho, é algo surreal.”