Alguma vez você teve a sensação de que estava no lugar errado, na hora errada e com as pessoas erradas? Pois olha só em que fria eu me meti:
Após sair do restaurante panorâmico do Hotel Bertaso, em Chapecó/SC, onde jantei com alguns empresários, o amigo Leandro Miotti me fez um convite:
– Vamos dar uma olhada no fim do jogo do Inter?
Sou gremista, mas, apesar do meu time estar fora da Libertadores, não sou daqueles que tem mania de secar o adversário. E caso o colorado ganhe ou perca, isso não me afeta. Por isso resolvi acompanhar o Leandro.
– Vamos nessa! – respondi.
Porém, ao chegarmos ao local – o famoso “Boca Lanches” – meu estômago embrulhou: notei que havia centenas de torcedores gritando, pulando, xingando o juiz (e os jogadores adversários). Vi cerca de uma meia dúzia de televisores e alguns telões expostos na rua. Os caras fecham o trânsito na Av. Getúlio Vargas em frente ao bar. É uma loucura!
Quando chegamos o jogo já estava no segundo tempo (graças a Deus) e o Internacional vencia por 2X0 o The Strongest da Bolívia. Pensei: “O jogo já está ganho, não vai sair mais gol!”. Enganei-me! Não demorou e o Leandro Damião marcou o terceiro. E aí começou meu dilema: Os colorados, enlouquecidos, pulavam, se abraçavam e gritavam intensamente em comemoração e eu, sentado no meio deles, não tive alternativa a não ser levantar o braço direito e plagiar o narrador esportivo da RBS TV, Paulo Brito:
– FEITO!
Sabe quando você se dá conta que está no lugar errado, no “jogo” errado, com as pessoas erradas, e o que é pior: correndo “risco de vida”? Pois era como eu estava me sentindo naquele momento: um cordeiro no meio de lobos!
Tem um ditado que diz: “não reclame que a coisa pode piorar”. E foi exatamente o que aconteceu: Damião resolveu “desencantar” e marcou mais um gol. Novamente o lugar veio abaixo. E eu? Bem, levantei a mão direita, dei um sorriso amarelo para o colorado ao meu lado que me olhava com os olhos saltados e soltei um grito abafado:
– FEITO!
Bom, quando o Jô deu o “tiro de misericórdia”, o Leandro me convidou para ir embora. Foi um alívio!
Depois me pus a pensar: Quantas vezes, mesmo vivendo em um mundo globalizado e informatizado, me sinto como um “peixe fora d’agua”? E tenho uma sensação de inadequação, de estar fora de lugar, fora de contexto?
Se você sente a mesma coisa saiba que pior do que estar no lugar errado é estar com as pessoas erradas.