Ricardo Gais
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Com a chegada dos dias frios, um alimento muito procurado pelos gaúchos começa a surgir nos supermercados e feiras rurais de Santa Cruz do Sul: o pinhão. Sua colheita foi liberada pelo Ibama no Rio Grande do Sul em 15 de abril e com isso, para a safra deste ano, a Emater/RS-Ascar espera que sejam colhidos entre 30% e 100% a mais nas regiões produtoras, como a Serra Gaúcha.
Segundo a Emater, a safra deste ano promete ser maior que a do ano passado, por influência do clima que favorece o desenvolvimento do produto, além da alternância de produção. A média da colheita no Estado gira sempre em torno de 900 toneladas por safra. O Município que possui tradição e é considerado o maior produtor gaúcho é São Francisco de Paula, com uma produção esperada em torno de 120 toneladas para este ano, gerando emprego e renda para aproximadamente 150 famílias da agricultura familiar. Conforme a Emater, a colheita pode durar até meados de setembro.
Em supermercados de Santa Cruz, o pinhão é encontrado em uma média de R$ 7,98 por quilo, dependendo do estabelecimento e, em sua maioria, o produto é importado de outros estados. No Supermercado Miller, por exemplo, os primeiros pinhões vieram do Paraná. Já nas feiras rurais do Município, as quais o produto é colhido nas próprias propriedades, o valor de comercialização está em torno de R$ 10. Em conversa com alguns produtores, este ano a safra em Santa Cruz é pouca, pois a região não tem o costume da produção deste produto, por não ser uma região favorável.
O extensionista e assistente técnico Vivairo Zago, da Emater regional, conta que mais perto de Santa Cruz a produção está boa nos municípios de Fontoura Xavier e Passa Sete. “A expectativa da produção varia, mas o produto está melhor e em maior quantidade em Fontoura Xavier. O clima ajuda nessa produção, mas a seca ainda tem reflexos para uma baixa no desenvolvimento do pinhão”, destaca Zago. A expetativa da produção na região é de 60%, três vezes mais que no ano passado.
O que vem contribuindo para a queda da produção na região são os cortes das árvores Araucária. “Alguns agricultores acabam cortando essas árvores consideradas ‘macho’, pois apenas a tipo ‘fêmea’ produz a pinha, só que ela precisa do pólen da árvore ‘macho’ para produzir o produto”, explica o assistente técnico.
Conforme a Emater regional, o auge da colheita ocorre nos meses de maio e junho. “Tem uma espécie de pinhão, macaco como popularmente chamado, que pode se estender até mais tarde”, enfatiza Zago.
A pandemia de Covid-19 afetou a venda do produto na beira das estradas. Zago salienta que muitas famílias vendiam o pinhão já cozido, porém o pessoal não está mais parando nas tendas para comprar o produto, o que gera queda na comercialização. Atualmente, a colheita de pinha gera renda para cerca de 20 famílias de Passa Sete e 30 de Fontoura Xavier.