Alyne Motta – [email protected]
Uma espanhola que tem formação para ser bióloga, porém o mais importante ela não possuía: a vocação. Vocação essa que foi encontrada na área teatral em terras bageenses quando fazia faculdade. Desde então, Pilar Nuñez Calvin, a Pilly, passou a dedicar sua vida à dramaturgia.
Nascida em Valência, na Espanha, Pilly veio para o Brasil após o período de Guerra Civil e da Segunda Guerra Mundial, quando seu país ficou desolado. Aqui foi em busca de oportunidades, melhoria de vida e, por um acaso, se encontrou com o teatro.
Em Bagé, quando se descobriu para o cênico, a atriz foi uma das responsáveis pela criação do Teatro de Bolso (que recebeu esse nome por ser pequeno). Lá apresentava diversas peças e, numa dessas, estava um diretor porto-alegrense que a convidou para atuar na capital gaúcha.
Foram 20 anos morando em Porto Alegre, com passagem de dois anos no Rio de Janeiro e um retorno à Espanha. Ao Brasil veio de vez para cuidar de seus pais, que moravam em Santa Cruz do Sul há algum tempo. “Minha vida era o teatro e quando cheguei aqui não havia nada neste tipo”, afirma a atriz.
Com o passar do tempo, foi conhecendo diversas pessoas que atuavam no meio cênico. “Através do Paradão do Floriano conheci o Duca (Eduardo Spall) e a Simone Bencke, nos reunimos e montamos um grupo de teatro, o Espaço Camarim”, conta Pilly. Dessa época surgiu uma amizade que dura até hoje.
TURNÊ
Nos últimos anos a atriz comandou, sozinha, o Espaço Camarim. O tempo fez com que ela percebesse que é capaz de criar na solidão. “Aqui eu tive que fazer tudo, desde escrever, dirigir, até fazer luz”, comenta. Com multifunções, em 2010 foi responsável por cinco produções e em 2011 esteve à frente de três.
Em suas peças teatrais, a Pilly não se preocupa em esgotar bilheterias, mas gosta de ver seus amigos na plateia. Também é gratificante para ela ouvir o sino tocando, uma tradição no Espaço Camarim quando o espetáculo agrada o público que está assistindo.
Seu último trabalho foi o espetáculo Mulher, no qual esteve acompanhada do violonista Killy Freitas e do tecladista Jairo Padilha. O sucesso foi tanto que a atriz vai realizar apresentações na Espanha, onde passará três meses. Os shows vão ter presença de Killy Freitas e do seu sobrinho, o músico espanhol Cuti Vericad.
Thiago Luiz Machado
Pilly durante o espetáculo Mulher, realizado em janeiro deste ano
A visita a sua terra natal não é só para trabalho. “Vou à Espanha visitar parentes e amigos. Trabalhar é consequência”, explica Pilly Calvin, que quer mostrar um pouco do teatro brasileiro e gaúcho, além de aprender um pouco com a cultura de lá e matar as saudades.
Quando retornar para o Brasil, com as energias renovadas e um monte de ideias na cabeça, Pilly vai pensar no que virá durante o ano.
SEU JEITO
A começar pelo seu nome Pilar, a atriz esbanja irreverência. “Pilar é um nome comum na Espanha, assim como o Maria é no Brasil”, explica. O nome artístico, Pilly, veio com a imprensa que buscava uma forma mais rápida e carinhosa ao se referir à atriz. Ela gostou tanto que adotou.
Dona de uma imagem única, sua chegada a Santa Cruz do Sul causou um impacto social. “Não sigo tendências de moda, sempre fui diferente e tenho um estilo próprio”, garante. Com o tempo, a sociedade foi a aceitando. Hoje todo mundo sabe quem é ou viu Pilly Calvin.
Renan Silva
A atriz Pilly Calvin, dona de uma irreverência e muito talento