Luana Ciecelski
PF de Santa Cruz colaborou com as investigações da PF de Florianópolis
Luana Ciecelski
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Uma investigação da Polícia Federal iniciada em novembro do ano passado, em Santa Catarina, levou à prisão de pelo menos três pessoas no Rio Grande do Sul na manhã desta quarta-feira, 12 de novembro. Uma delas é Eliseu Kopp, dono da empresa Kopp Tecnologia de Vera Cruz. As prisões foram efetuadas com base na operação Ave de Rapina, que está desarticulando uma organização criminosa voltada para a prática de crimes contra a administração pública do município de Florianópolis.
Eliseu Kopp foi rendido por Policiais Federais em seu apartamento, no bairro Higienópolis, e foi levado para prestar depoimento na delegacia da PF em Santa Cruz, onde o acusado permaneceu até o início da tarde. Seu apartamento foi vasculhado, assim como a sede da empresa na RSC-287.
Além de Eliseu, outros dois funcionários da Kopp foram presos. Um deles estava em sua residência em Flores da Cunha, onde foram apreendidos R$ 35 mil reais. O outro foi surpreendido no Aeroporto Salgado Filho. Sua residência, em Linha Santa Cruz, também foi examinada em busca de documentos e provas dos crimes.
Após prestar depoimento, no início da tarde de ontem, Eliseu foi encaminhado ao Presídio Regional de Santa Cruz. O advogado do acusado, Ezequiel Vetoretti, alegou que vai se manifestar sobre o caso apenas na justiça.
Ao fim do desencadeamento da investigação no dia de ontem, já se contabilizava um prejuízo de cerca de R$ 30 milhões aos cofres públicos da Prefeitura de Florianópolis.
Arquivo/RJ
Eliseu Kopp, dono da Kopp Tecnologia, foi preso na manhã de ontem
A investigação
De acordo com nota divulgada pela Polícia Federal, a investigação comprovou a existência de um esquema de corrupção inserido na Câmara de Vereadores, Instituto de Planejamento Urbana de Florianópolis/SC (IPUF) e na Fundação Cultural Franklin Cascaes (FCFFC), no tocante ao recebimento de dinheiro de empresários por servidores públicos, em troca da manutenção ou elaboração de contratos milionários.
Em um primeiro plano, foi comprovado que empresas especializadas em radares e lombadas eletrônicas simulavam concorrência em licitações com o apoio de servidores, para garantir a elaboração de contratos com o poder público. Em troca, pagavam mensalmente propina aos integrantes da organização criminosa.
Em um segundo plano, constatou-se que empresários especializados em eventos festivos e culturais fraudavam licitações, também com a participação ativa de agentes públicos de Florianópolis, através do recebimento de informações privilegiadas relativas às empresas concorrentes e orientações de como proceder para fraudar o certame, com consequente desvio/apropriação de recursos públicos.
Finalmente, num terceiro plano, apurou-se que a existência de corrupção no tocante à elaboração de leis municipais em Florianópolis, visando beneficiar empresários, que pagavam altas quantias em dinheiro para ter seus interesses estampados nas normas municipais.
Além de Santa Cruz e Vera Cruz, as ações da PF estão acontecendo em Florianópolis, Joaçaba, Porto Alegre e Flores da Cunha. Ao todo, são 38 mandados de busca e apreensão, de prisão e de condução coercitiva para colher depoimentos. Até o fim da tarde de ontem, treze pessoas já haviam sido presas e duas estavam foragidas. A operação envolveu um efetivo de aproximadamente 200 policiais.
A Kopp Tecnologia, uma das principais empresas envolvidas, já havia sido investigada em 2011 por fraudes em licitações para a instalação de equipamentos eletrônicos de controle de velocidade em diversas regiões do Brasil. Dois anos depois, Eliseu Kopp e políticos ligados à Prefeitura de Sapucaia do Sul foram condenados por improbidade administrativa por direcionamento de licitação. (com informações Correio do Povo).