Grasiel Grasel
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Neste fim de semana, dias 1 e 2 de agosto, ocorre em Santa Cruz do Sul a primeira etapa do Estudo de Soroprevalência de SARS-CoV-2 da Região do Vale do Rio Pardo (Covid-VRP), que visa testar a população da região para verificar a proporção de infectados com Covid-19. Organizadores estão reforçando o pedido para que os aplicadores dos testes sejam bem recebidos.
Seguindo moldes parecidos com os do Epicovid, estudo da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), que já vinha sendo realizada com os santa-cruzenses, dessa vez a pesquisa é organizada pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e terá como foco os municípios do Vale do Rio Pardo. Ao todo, serão quatro etapas de testagem para haver uma verificação quanto à evolução da doença: se estão ocorrendo mais infecções, se o número está estabilizando ou diminuindo.
As etapas serão executadas com o intervalo de duas semanas entre cada uma, visando respeitar o tempo que o vírus leva para se manifestar no corpo e até ser controlado pelo sistema imunológico. “Em torno de nove dias a quantidade de vírus no corpo é tão pequena que não ocorre novas infecções”, afirma o coordenador do estudo, o epidemiologista do Hospital Santa Cruz, Marcelo Carneiro.
De acordo com Carneiro, existe uma grande proporção de infectados que não apresentam sintomas da doença, portanto, o estudo visa testar a população para chegar a uma estimativa de quantas pessoas já foram infectadas. “Para terminar essa epidemia, a gente precisa que a maioria das pessoas já tenha pego a doença”, diz Carneiro, fazendo referência à lógica de “imunidade de rebanho”.
Em Santa Cruz do Sul, segundo Carneiro, são cerca de 50 mil pessoas que nunca pararam, pois exercem serviços essenciais. “Conforme os estudos do Epicovid, a gente vê que a cidade não faz o isolamento. Embora as pessoas reclamem do isolamento, a gente não está seguindo ele 100% aqui, então elas estão se infectando na rua”, comenta.
O cálculo estatístico realizado para definir o número de testes que cada município do Vale do Rio Pardo vai receber é proporcional ao número de habitantes, ou seja, Santa Cruz do Sul é a que recebeu a maior proporção, somando mais de 300. No total, 5 mil exames serão realizados em toda a região.
A escolha das residências que serão visitadas se dá através de um sorteio eletrônico baseado em dados do IBGE, que divide o município em setores. Nestes, uma rua é sorteada onde uma casa deve ser escolhida aleatoriamente pela equipe e, por fim, uma pessoa da família é selecionada em um novo sorteio para passar pelo teste.
O estudo está sendo financiado com recursos do Consórcio Intermunicipal de Serviços do Vale do Rio Pardo (Cisvale), que adquiriu os testes, com um apoio financeiro também por parte da Philip Morris Brasil. Já a Unisc vai realizar toda a parte técnica com 14 professores, como os cálculos estatísticos que darão os resultados. Em Santa Cruz, alunos da Unisc devidamente identificados e com equipamentos de proteção serão os aplicadores dos testes na população local, enquanto nos outros municípios serão funcionários públicos das prefeituras.
Carneiro pede para que os cidadãos santa-cruzenses recebam bem os entrevistadores, que estão fazendo um importante trabalho para todo o Vale do Rio Pardo. “Eles estão tentando ajudar a coletar dados oficiais da região que podem servir como um fundamento para flexibilizar as regras de atenção à saúde, então é importante ajudar eles também recebendo-os adequadamente”, pede o infectologista.