Tem coisas na vida que não acontecem por acaso. Algumas delas precisam ser compartilhadas. Nas viagens de Uber sempre costumo conversar com os motoristas. Alguns são mais quietos, outros puxam o famoso ‘tempo’ e terminam com lições de vida ou ainda histórias memoráveis. Em uma dessas viagens, em horário de pico, daqueles em que seguir o caminho se torna um caos, vi um pouco de gentileza e ouvi sobre ela. E não há nada melhor pra contar um dia antes do Dia Mundial da Gentileza comemorado em 13 de novembro.
Eis que o motorista parado antes da sinaleira viu outra motorista querendo sair de um estacionamento. Ele deu sinal de luz, ficou parado enquanto o sinal já estava verde e ela nem se moveu. Ele abriu o vidro e fez sinal com a mão para que ela visse e entrasse na via. Foi quando ele disse: “ela não entendeu que eu estou fazendo a minha parte”. Prestando atenção logo respondi “infelizmente não estamos acostumados a gestos como esse”. Foi aí que entramos no assunto gentileza. Do famoso ditado, ‘gentileza gera gentileza’.
O motorista bem-humorado destacou que aquilo é o mínimo que ele pode fazer. “Eu dei espaço aqui, logo na frente ela também vai se dar conta que alguém fez isso por ela e também vai ser gentil, aí lá no fim do ciclo posso ser eu ganhando um espacinho no meio do nosso tumultuado trânsito”. Concordei e continuamos conversando sobre o assunto. São pequenas atitudes no dia-a-dia. Aquele ‘bom dia’ ou o ‘até logo’. O importar-se com o outro de uma forma natural. Ajudar o idoso com as sacolas pesadas. Parar o carro para alguém atravessar a rua ou dar espaço para entrar na via.
Ser gentil é deixar de olhar somente para o próprio umbigo. É prestar a mínima ajuda. Dar atenção. Olhar nos olhos durante a conversa. Não é preciso ter o retorno. Não há pagamento. Gentileza não se vende em supermercado. Ela não é palpável, ela é sentida e transmitida de inúmeras formas. Ser gentil não custa nada e ainda por cima gera uma onda de altruísmo por aí. Colocar-se no lugar do outro e buscar a melhor forma de ajudar, mesmo que seja com um sorriso, um abraço, uma frase de apoio. Somos gentis ou nos tornamos gentis e deveríamos incluir a gentileza no nosso dia-a-dia. É como disse Gandhi “A gentileza não diminui com o uso. Ela retorna multiplicada”. Foi assim que o motorista pensou. E assim ele age diariamente. Ele acredita nas pequenas atitudes e me fez acreditar nelas também.
Viviane Scherer Fetzer Jornalista – MTb/RS 18.313