Confira a nota enviada à imprensa na tarde de ontem:
O pronunciamento do Presidente Jair Bolsonaro em cadeia nacional na noite de ontem (24/03/2020) ultrapassou todos os limites que o cargo de Chefe do Executivo Nacional impõe ao seu ocupante.
Enquanto os mais diversos países do mundo adotam medidas rígidas de isolamento social e eventos de magnitude mundial, como os Jogos Olímpicos do Japão, são suspensos para reduzir o impacto do Covid-19; e enquanto governadores, prefeitos, organizações sociais e grande parte da população brasileira faz a sua parte para mitigar os efeitos do coronavírus, o Presidente da República (apoiado por um certo número de empresários e agentes públicos) posiciona-se em sentido contrário, minimiza os riscos da epidemia, insufla o retorno de aglomerações e, assim, coloca em risco toda a população.
É inaceitável que continue no cargo um presidente que publicamente insiste em comparar a Covid-19 a uma “gripezinha” ou “resfriadinho”, que acusa prefeitos e governadores de fazer “terra arrasada”, que afirma que fechar o comércio constitui um inaceitável “confinamento em massa” e que recomenda a reabertura das escolas sob o espantoso argumento de que o “grupo de risco é o das pessoas acima de 60 anos”, ignorando que crianças e idosos residem nas mesmas casas.
O pronunciamento do presidente contraria diretamente as recomendações do Ministério da Saúde, das secretarias de saúde, dos cientistas e especialistas em políticas sanitárias.
É hora de dar um basta. O Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional devem assumir as suas tarefas de defesa da ordem constitucional, junto a sociedade civil e a classe trabalhadora organizada, sendo protagonista do destino da nação. É imperioso o imediato afastamento do Presidente, que reiteradamente incorre nos crimes de responsabilidade previstos no artigo 85 da Constituição Federal, e que neste momento tende a levar o país à desordem e ao caos social.