Início Especiais Paraquedismo | Santa Cruz recebe o ‘Nos Céus da Santinha’

Paraquedismo | Santa Cruz recebe o ‘Nos Céus da Santinha’

Evento acontece nos dias 24, 25 e 26 no Aeroclube do município. Mais informações pelo WhatsApp de Luciano Pedroso (51) 9 9757-9707

Fotos: Divulgação/RJ
Registros dos saltos duplos

Ana Souza – [email protected]

Santa Cruz receberá um evento que promete muita adrenalina. O Aeroporto Luiz Beck da Silva será cenário do ‘Nos Céus da Santinha’ de Paraquedismo, sob organização da Escola Vertical Speed Paraquedismo que já atua há 32 anos e realizou mais de 89 mil lançamentos. A programação inicia na sexta-feira, dia 24, a partir das 19h para os alunos matriculados nos cursos. No sábado, dia 25, a partir das 8h até às 18h, serão realizados os saltos duplos, saltos de atletas e de alunos novos e alunos em progressão. Assim também no domingo, dia 26, das 8h às 17h.

A iniciativa recebe apoio da Prefeitura de Santa Cruz, através da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo e do Aeroclube de Santa Cruz que estará disponibilizando a estrutura de hangar, sala de aula e alojamento (somente para instrutores da escola). Também haverá um foodtruck do Chef Castro, servindo hambúrgueres e bebidas em geral, além da cerveja artesanal da Cervejaria Heilige. Para quem comprar um curso ou salto duplo, ganha uma rodada dupla de 330ml no Pub da Cervejaria Heilige. Haverá saltos duplos para quem quer sentir a emoção da queda livre e os cursos para quem pretende continuar salto e se graduar como atleta. A aeronave da escola, um Cesna 182 Skylane de inscrição PT-JUP (O amarelão da VSP) sobrevoará a cidade pelas imediações da Linha Santa Cruz até as altitudes em que realizará os lançamentos sobre o aeroporto, de onde poderá ser assistido pelo público, desde a decolagem até a aterragem.

Em entrevista ao Riovale Jornal, o aluno em instrução e parte do staff da escola, Luciano Pedroso explica como funciona para participar do evento e tudo o que envolve a prática. “O objetivo inicial é de facilitarmos o acesso ao esporte, seja para a realização de cursos, saltos duplos ou competições, para Santa Cruz do Sul e região dos vales e demais. Partimos do princípios de termos uma excelente rede hoteleira e de gastronomia, estarmos localizados no centro do estado, o que facilita a logística e barateia o custo para quem vem de fora. Nosso principal objetivo é tornarmos Santa Cruz referência do paraquedismo no centro do Estado, reunindo atletas e alunos em atividades periódicas e com calendário anual para eventos específicos. E nosso foco é formarmos um clube local, formado por atletas do município e da região”, pontua.

Os saltos

O salto duplo (salto tandem) não requer técnicas por parte do quem opta por viver a emoção da queda livre e o voo conectado ao instrutor (piloto tandem). Toda a técnica empregada é de responsabilidade do piloto do paraquedas. O passageiro recebe instruções relativas ao salto que vai realizar, vai ser equipado e orientado de como o seu equipamento vai ser conectado ao do piloto. Depois disso, será orientado por onde se aproximar da aeronave, como entrar nela e onde e como se posicionar dentro dela durante a decolagem e durante o voo de subida (em torno de 20 minutos). O piloto tandem, também vai orientar o passageiro como se portar durante a abordagem da porta e saída da aeronave, à queda livre e depois, em voo com o paraquedas aberto e, por fim, qual a posição do corpo do passageiro na hora da aterragem. Feito isso, e subir curtindo o visual incrível da nossa cidade e cada segundo da queda livre e o voo até a aterragem, o que leva em torno de 7 minutos. Consideraremos aqui como “iniciantes”, aqueles interessados em fazer um dos cursos, com a finalidade de se graduar atleta e continuar saltando depois.

Demonstrativo dos saltos paraquedismo AFF e AFF 1

Curso AFF – (Accellerated FreeFall): No sistema AFF, o primeiro salto já é em queda livre, a 10.000 pés, acompanhado de dois instrutores nos 3 primeiros saltos e por 1 instrutor do quarto ao sétimo salto. Cada nível o aluno fará exercícios diferentes, buscando o controle total do corpo em queda livre. Esse curso é mais dinâmico e permite ao aluno se formar após o sétimo salto. É isso mesmo! O aluno já salta sozinho desde a primeira vez a 10.000 pés (3.300 m) em queda livre. Para garantir a segurança e a estabilidade em queda, o aluno será acompanhado de dois instrutores em seus 3 primeiros saltos e do 4° ao 7° salto de somente um instrutor (não é salto duplo, cada pessoa usa seu próprio paraquedas). É o curso mais dinâmico, você aprenderá as manobras básicas de movimentos e controle de queda livre. Seu 8° salto já poderá ser solo! (cumprindo os exercícios de cada salto).

Curso ASL -(Accellerated Static Line) – No sistema ASL , o aluno começará saltando a 4000 pés (1.300 metros) com um paraquedas que abre automaticamente após a saída da aeronave, através de uma fita ligada à aeronave. A progressão do aluno se dará ao longo de 16 saltos em média (desde que alcançados todos os objetivos de cada salto).
Os seis primeiros saltos neste sistema serão a 4.000 pés. A partir do sétimo salto, a altura de lançamento aumenta, tendo mais tempo de queda livre até a abertura do paraquedas, que aí já é comandada pelo aluno, a 4.500 pés, então saltando a 6.000 pés teremos 15 segundos de queda, a 8.000, 25 segundos de queda, a 10.000, 35 segundos de queda-livre a 200 Km/h até a abertura do paraquedas. Em ambos cursos, as aulas teóricas são ministradas na sexta-feira à noite antecedente ao final de semana dos saltos, contemplando o curso teórico, matérias como segurança, saneamento de panes, equipamento e componentes do conjunto paraquedas, técnicas e manobras a serem praticadas e executadas e a navegação (voo com o paraquedas aberto). Automaticamente o aluno matriculado em qualquer dos cursos, será cadastrado na Confederação Brasileira de Paraquedismo e receberá uma apostila com as matérias abordas é uma caderneta de saltos, onde ele passará a registrar seu histórico paraquedista.

Demonstrativo
do salto ASL

Os valores serão os seguintes

Salto Duplo: com fotos e filmagem pela handcam do instrutor (selfie) R$ 1.050,00.

Salto Duplo: com fotos e filmagem com handcam do instrutor + filmagem externa por outro paraquedista (salto VIP câmera fly): R$ 1.550,00.

Curso AFF (para quem pretende continuar saltando como atleta) R$ 1.500,00

Inclui: curso teórico; apostila; caderneta de saltos; o 1° salto; cadastro na Confederação Brasileira de Paraquedismo e o curso completo com 7 saltos: R$ 7.070,00.

Curso ASDL: (para quem pretende continuar saltando como atleta) curso teórico; apostila; caderneta de saltos; o 1° salto; cadastro na Confederação Brasileira de Paraquedismo: R$ 940,00;

Progressão em 16 saltos sendo:

6 saltos enganchados a 4000 pés: R$ 440,00 cada;

1 queda livre a 5000 pés R$ 460,00;

3 QL 15 segundos a 6000 pés R$470,00 cada;

3 QL 25 segundos a 8000 pés R$ 480,00 cada;

3 QL 25 segundos a 10.000: R$ 530,00 cada.

Condições de pagamento: R$ 150,00 no ato da inscrição e no dia do curso/salto vc pagará o restante à vista ou parcelado no cartão de crédito (todas as bandeiras) pelo PagSeguro em até 10x com acréscimo. Os R$ 150,00 da inscrição garantem a reserva. Pagamento do saldo em dinheiro ou pix tem desconto de R$ 50,00.

Condições especiais para: grupos a partir de 10 pessoas, nos consulte.

Obs.: Acima de 95 kg, taxa de R$ 100,00) e o limite é 110 kg.

Mais informações pelo WhatsApp de Luciano Pedroso (51) 9 9757-9707

Como tudo começou

“Eu sempre curti aventura, natureza, esportes radicais e desafios. Desde novo me aventurava pela região em busca de lugares e coisas diferentes. Participo do movimento escoteiro desde 1986, onde conheci um grande amigo, o Marcelo Maciel e juntos passamos a levar para os demais jovens do grupo, desafios em atividades rappel, mergulho, escalada, balsagem (rafting em balsas improvisadas), mas ainda faltava a cereja do bolo, o paraquedismo.

Marcelo Ricci é sócio proprietário e um dos instrutores da escola

Em 1995, eu era sargento do Exército e neste meio tive contato com vários paraquedistas militares e naquela ocasião, junto com outros colegas militares, surgiu a oportunidade de fazermos o curso de paraquedismo civil e, como não poderia deixar de ser, lá fomos eu e o Marcelo a Santa Maria, onde junto de uma turma de militares e civis, participamos, na Escola Sky Dive Paraquedismo, do curso de paraquedismo civil, no sistema ASL (acionamento por linha estática) que é o mesmo sistema utilizado para o lançamento em massa de tropas militares. Diga-se de passagem que, já pensado por Leonardo Davincci, o paraquedismo teve sua origem e evolução no meio militar.

Na época, 1995, o custo de um salto, considerada toda a logística pessoal e o custo da operação da escola, tornava o esporte quase impraticável para quem estava longe dos grandes centros ou de áreas de atividades permanentes, como é o caso de Boituva, no interior do Estado de São Paulo e é sede do Centro Nacional de Parquedismo, com a maior concentração de escolas, aeronaves, pilotos, instrutores, atletas e alunos do país. Diante disto, depois de alguns saltos, acabamos, eu e meu parceiro de aventuras deixando de lado os planos àquela época.

Nunca deixei de amar o paraquedismo, e ao longo do tempo, mesmo com os outros compromissos da vida, casamento, filhos, trabalho e faculdade, mantive a expectativa de retomar a velha paixão, e em 2013, por indicação dos meus primeiros instrutores lá em 95, conheci o pessoal da Vertical Speed Paraquedismo, uma escola com base na época em Passo Fundo, RS, mas com estrutura itinerante, passando desde então uma parceria com eles, sou aluno em instrução e parte do staff da escola, tendo organizado áreas de saltos de 2013 a 2015 nas cidades de Santa Cruz do Sul, Cachoeira do Sul e Monte Negro, tias aqui no estado. Em 2016 a escola passou a operar na Região Nordeste do país, onde o turismo local abarca várias atividades e esportes radicais, dentre elas, o paraquedismo.

Luciano Pedroso: “Nunca
deixei de amar o paraquedismo”

Mas como todo bom gaúcho não consegue ficar muito tempo longe desse rincão, o Marcelo Ricci, sócio proprietário e um dos instrutores da escola, junto com a administradora da escola e esposa Alessandra Ricci, voltaram para o sul em 2020. A pandemia do covid-19 prejudicou vários segmentos, principalmente o de serviços, fazendo com que a escola suspendesse suas operações, até o final de 2021, quando então retomaram as atividades itinerantes da escola, dessa vez, entre os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Durante o ano de 2022, iniciei as tratativas para uso do aeroporto municipal com a prefeitura municipal, através da Secretaria de turismo do município, responsável por esta pasta, a qual comprou a ideia de trazermos novamente o paraquedismo para nossa cidade. Temos uma excelente área no aeródromo do nosso aeroporto municipal agora revitalizado e com o apoio do Aeroclube de Santa Cruz do Sul, instalado no aeródromo, poderemos proporcionar para Santa Cruz do Sul e região, uma atividade desafiadora e de superação, além de colocar o município dentro do circuito estadual e nacional do paraquedismo esportivo, tendo projetos para o futuro, de trazermos competições de nível estadual e nacional nas várias modalidades que o esporte contempla”, conta Luciano Pedroso.

Do paraquedismo militar à prática civil

DIVULGAÇÃO/RJ
O instrutor Marcelo durante uma das práticas de salto

A modalidade foi retratada na série televisiva ‘Band of Brothers’ há alguns anos atrás, e que conta a operação em que os aliados, lançaram suas tropas paraquedistas, atrás das linhas alemãs no litoral da França, na noite do dia 05 de junho de 1945, em preparação para a grande operação Overlord, mais conhecida como “O desembarque na Normandia”. Esta foi uma das batalhas mais sangrentas da Segunda Guerra Mundial, e o sucesso e avanço dos aliados naquela ocasião, só foi possível pelo emprego das tropas paraquedistas. Desde então, Tropas paraquedistas têm sido amplamente utilizadas por várias nações mundo afora.

Esse gancho histórico é necessário para pontuar a importância do paraquedismo militar e que deu origem à prática do paraquedismo civil, sendo que é difícil dissociar um do outro enquanto técnica de evasão ou salto de uma aeronave em voo. Basicamente todo o equipamento hoje utilizado por paraquedistas, tanto militares quanto civis, é o mesmo, exceções existem mas, basicamente, são os mesmos equipamentos, sistemas de segurança, técnicas e protocolos, estando muito próximos um do outro.

É muito comum que paraquedistas militares, adotem o paraquedismo civil como hobby ou esporte, tendo inclusive as nossas três forças armadas que são Os Falcões da Força Aérea Brasileira, Os Cometas do Exército Brasileiro e os Netunos da Marinha do Brasil e possuem equipes de paraquedistas que participam de torneios e competições nacionais e internacionais, nas várias modalidades que existem dentro do esporte civil.
Em alguns países é utilizado por equipes de resgate; busca e salvamento e combate a incêndios, para o lançamentos de seus elementos em locais de difícil acesso por outros meios, agilizando e permitindo a localização, tratamento e evacuação de vítimas ou debelação de incêndios.

SUPERAÇÃO DE DESAFIOS
A importância do paraquedismo no meio civil como esporte ou lazer está ligado diretamente à superação de desafios, ruptura de obstáculos, autoconfiança, concentração, responsabilidade, trabalho em equipe, dentre outros. “Proporcionando como isso ao praticante, transportar para o seu dia a dia, a capacidade alcançada ou desenvolvida durante os saltos, tornando mais fácil a condução ou resolução de determinadas situações pessoais ou profissionais. Outra importância está relacionada ao lazer e a qualidade de vida, sair da rotina e desligar do mundo real, viver alguns segundos de contemplação que permitem uma conexão consigo mesmo, relaxamento e êxtase, adrenalina e consciência… eventos e sensações que revigoram o corpo e o espírito. A sensação de voar sentindo o vento no rosto no silêncio da imensidão é algo que só quem vive, consegue entender”, explica Pedroso.