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Para compreender os pais é preciso ter filhos

No próximo domingo comemora-se o dia dos pais. Aproveitando a data, uma revista publicou fotos de leitores com seus pais. Uma bonita homenagem àquele que, para muitos, é a maior prova da existência de super-heróis.
Infelizmente, quando a atmosfera familiar é permeada de críticas, condenação, intimidação e medo, as desavenças entre pai e filho se tornam frequentes. Há pai que reclama que o filho não lhe dá ouvidos e que perdeu o respeito por ele. Há filho que rotula o pai de “cabeça dura”, “casca grossa” e alega que ele vive metendo o nariz na vida dele. No entanto, restaurar o relacionamento entre pai e filho é a chave para a restauração de todo o resto. Não é fácil alcançar o sucesso profissional quando se está infeliz na família. Isso é tão verdadeiro que Deus, em sua lei moral contida nos 10 mandamentos, deu um conselho aos filhos que desejam vencer na vida: “Respeite o seu pai e a sua mãe para que tudo corra bem para você e tenha longa vida sobre a terra”.
Mas, ainda que a relação esteja estremecida, quando a coisa aperta para o filho, o pai sempre estenderá a mão para ajudá-lo. Eu levo em meu coração uma boa experiência a esse respeito.
Aqui em Caxias, no dia 10 de maio de 2006 fiquei por uma hora sentado à borda da cama, com a mão agarrada ao tornozelo do Sergi, que se mantinha deitado, volta e meia cobrindo o rosto com o travesseiro, enquanto dois ladrões encapuzados permaneciam em pé, com o revólver em punho, bem à frente da porta do quarto, dando-nos ordens:
– Magrão, onde está a grana?
– Aqui é uma residência “cara”, lugar de dinheiro é no banco…
– Então vamos levar seu filho e você dará um jeito de arrumar a grana para o resgate.
– “Cara”, você não gostaria que levassem seu filho sequestrado, não é? Então porque vai levar o meu? Ele tem apenas 11 anos e ficará traumatizado pelo resto da vida. Leva tudo, mas não estraga a vida dele por causa de dinheiro!
Querido leitor, não pense que sou um homem de coragem. Longe disso! Bem no fundo, eu tinha medo de morrer. Porém, mesmo com o estômago embrulhado e com o coração saltando pela boca, eu estava determinado a proteger meu filho e até dar a vida por ele se fosse preciso. E creio que todo pai faria o mesmo ao ver uma arma apontada na direção do filho.
Sabendo disso, mesmo que sua relação com seu pai não seja das melhores, aproveite o almoço de domingo para dizer o quanto o ama, pois quando o filho tem seus próprios filhos, aí sim, pode compreender seu pai.