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Pais íntegros num país corrompido

Nossos filhos estão crescendo num mundo bem diferente do nosso. Um mundo onde muitos dos valores morais e éticos que nossos pais nos ensinaram estão sendo considerados “fora de moda”. Mudam-se os partidos no poder. Mudam-se os políticos. Mudam-se as formas de governar, mas o espírito de aproveitamento é o mesmo. Como pais, nosso desafio é ser exemplo de integridade para nossos filhos e ensinar-lhes que o errado é errado (mesmo que muita gente esteja fazendo), e o certo é certo (mesmo que ninguém esteja fazendo).

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A história que vou relatar me foi enviada pelo leitor Gladir Azambuja, de Caxias do Sul. Conta ele que seu pai, Sedir Azambuja, numa véspera de Natal, foi até o supermercado fazer as compras para a ceia. Porém, ao chegar em casa, fez a soma de todos os preços dos produtos adquiridos e constatou que a moça do caixa havia cobrado a menos. Não pensou duas vezes: retornou ao estabelecimento, explicou o acontecido e pagou a quantia correta, que era quase o dobro.

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Tempos depois, após um infarto fulminante ceifar sua vida, algo surpreendente aconteceu. A mãe de Gladir estava na fila do INSS a fim de encaminhar os documentos para requerer a pensão por morte quando, de repente, deixou cair a sua carteira. Uma jovem que estava às suas costas ajudou a juntar os documentos que se esparramaram pelo chão. E, ao apanhar uma cédula de identidade perguntou quem era o homem da foto.

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Com a resposta de que se tratava de seu falecido marido, a jovem lamentou e revelou uma gratidão que encheu a família Azambuja de orgulho: “Por causa dele deixei de ter que pagar uma conta anos atrás. Eu cobrei o preço errado e ele voltou ao local onde eu trabalhava para repor a diferença. Nunca pude lhe agradecer pessoalmente, mas sou eternamente grata ao ato de bondade e honestidade que ele teve para comigo. Seu marido era um homem íntegro!”, disse ela.

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Sedir Azambuja mostrou aos seus filhos que é possível, sim, ser um pai íntegro num país corrompido e, assim, influenciou a vida deles de tal forma que, ainda hoje, quando o Gladir tem que fazer o que é justo e certo, se lembra dele. Que possamos fazer o mesmo!