Após 27 anos em funcionamento, a padaria da Copame (Associação Comunitária Pró Amparo do Menor), de Santa Cruz do Sul, encerrará as atividades em agosto. O comunicado foi feito pela diretoria nesta sexta-feira, 24. A nota informa que, por decisão unânime da diretoria e dos associados presentes em assembleia específica, vai ocorrer o encerramento das atividades, “sendo que estaremos direcionando nossas energias para o principal objetivo da entidade, que é o atendimento às crianças e adolescentes”, diz trecho do documento.
O comunicado ainda relembra como tudo começou e justifica tal decisão. A Copame foi criada em 1995, com a finalidade principal de proporcionar treinamento e iniciação profissional aos adolescentes e jovens internos da entidade e, também, de ajudar nas despesas da entidade, com o lucro obtido a partir da venda do que fosse produzido.
“A primeira finalidade nunca foi possível implementar, pois com o passar do tempo a legislação, tanto trabalhista, quanto da criança e adolescente, foi modificando-se e, como se trata de trabalho específico e com algum tipo de risco, não foi possível inserir os internos nessa atividade profissional”, esclarece a nota.
“Entretanto, a segunda finalidade foi cumprida com êxito por muitos anos, nos quais a padaria conseguiu, através de licitações, atender as empresas de alimentação coletiva, fornecedoras das grandes empresas da cidade, principalmente do setor do tabaco que, na época de safra do fumo, representava um aumento substancial no faturamento, o que ajudou bastante nas despesas da entidade com os lucros obtidos na atividade”, segue o comunicado.
No texto, a diretoria ainda conta que. com o passar dos anos, surgiu mais uma fonte de renda e marketing: o pão fatiado vendido nos supermercados e outros itens, como o Copametone, que passaram a ser produzidos e vendidos, proporcionando, além dos ganhos financeiros, a disseminação da marca Copame na sociedade. “Todavia, nos últimos anos a situação se modificou: os custos foram aumentando e a margem de lucro caindo. A padaria, então, começou a tornar-se uma preocupação. Nosso conselho fiscal, que é responsável por fiscalizar e interpretar os balancetes e balanços da instituição, passou a alertar acerca da realidade, na medida em que notava que, a cada ano, o lucro reduzia, com sinais de que poderia em pouco tempo transformar-se em prejuízo”, aponta o comunicado.
“Tendo em vista tal problemática, tentou-se reverter a situação com a inclusão de novos produtos, a ampliação dos pontos de venda do pão fatiado e uma maior atenção à divulgação dos produtos, tanto no site da Copame quanto em outros meios de comunicação”, segue.
Parecia que essas ações estavam dando resultado e seriam suficientes para reverter o quadro, porém sobreveio a pandemia de covid-19. Apesar do aumento dos custos, a Copame conseguiu manter o faturamento e até aumenta-lo, em 2021, o que, no entanto, em vez de proporcionar maior ganho, além de fechar o ano com pequeno prejuízo, ainda levou a um patamar em que, a partir de 2022, a entidade passasse a pagar ICMS sobre as vendas.
A nota ainda pontua: “Além de todos esses sinais, a guerra entre Russia e Ucrânia ocasionou aumento substancial dos insumos – principalmente a farinha de trigo, mas também combustível e outros. Nos primeiros meses do ano, tomamos algumas medidas como redução do quadro de funcionários e suspensão da produção do pão fatiado, o que nos deu fôlego para continuar e atender as empresas de alimentação durante a safra de tabaco. Porém, após isso, não será mais viável financeiramente a manutenção da Padaria”.
Assim, a decisão foi de encerrar as atividades. “Essa não foi uma decisão fácil, mas foi tomada em assembleia depois de muita análise, conversas e tentativas de parcerias. Infelizmente, nada se mostrou viável para que fosse possível a manutenção da padaria. Quanto aos funcionários, todos serão demitidos e indenizados em seus direitos trabalhistas com recursos que serão auferidos com a venda de veículos e equipamentos da padaria, e, ainda, serão recomendados e indicados a parceiros do mesmo ramo para que sigam suas vidas profissionais. Agradecemos, assim, a toda comunidade santa-cruzense e regional, aos poderes constituídos, aos veículos de comunicação, aos clubes de serviços e a todos cidadãos, inclusive anônimos, que sempre colaboraram com a Padaria da Copame, seja em doação de equipamentos ou mantimentos, seja como com a aquisição dos nossos produtos. Pedimos que continuem apoiando e colaborando com a entidade Copame, que seguirá precisando, e muito, desse apoio que nunca faltou”, encerra o comunicado.