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Os médicos cubanos e a medicina preventiva

Acompanhei na última quarta feira uma “roda de conversa”, atividade integrante da Semana Acadêmica Integrada dos Cursos de Saúde da Unisc, muito esclarecedora sobre o programa Mais Médicos, com a presença dos oito profissionais cubanos que começaram a atuar em Santa Cruz do Sul.
Os médicos cubanos foram taxativos ao afirmar que estão aqui por livre opção, que vieram colocar seus conhecimentos e sua experiência a serviço do povo brasileiro, pensando no seu desenvolvimento pessoal, no bem de suas famílias e do povo cubano.
Falaram sobre as características do sistema público de saúde de Cuba, reconhecido por seus bons resultados. É um sistema totalmente público, que gasta por pessoa em torno de 55% do que se gasta em saúde no Brasil e 6% do que se gasta por pessoa nos Estados Unidos. Apesar de gastar muito menos, Cuba tem indicadores de saúde muito melhores.
Segundo esses médicos, o segredo do sucesso do sistema de saúde de Cuba é que 90% dos esforços e dos gastos estão direcionados à saúde básica, preventiva, e só 10% para a atenção secundária (hospitalar) e de centros especializados. Não deixaram de lembrar que há também alta tecnologia em saúde, como vacinas e medicamentos.
Presente ao encontro, o secretário municipal de saúde de Santa Cruz do Sul diz que os médicos cubanos ajudem a consolidar a medicina de família e comunidade, com enfoque preventivo, em nosso município. Cabe lembrar que o secretário integra um governo com perfil de direita; assim, não se trata de nenhuma preferência ideológica esquerdista. Ele está sendo pragmático: os profissionais cubanos sabem como fazer medicina preventiva, vamos aprender com eles.
Segundo informações da Revista Forum (www.revistaforum.com.br), a duração do curso de medicina em Cuba, como no Brasil, é de seis anos, em período integral, seguido de um período de especialização.  Estudantes de medicina cubanos passam o sexto ano do curso em um período de internato, conhecendo as principais áreas de um hospital geral. A sua formação geral é voltada para a área da saúde da família, com conhecimento em pediatria, pequenas cirurgias, ginecologia e obstetrícia. Em 2012, Cuba formou 11 mil novos médicos. Deste total, 5.315 são cubanos e 5.694 vêm de 59 países principalmente da América Latina, África e Ásia. Em Cuba há hoje 6,4 médicos para mil habitantes. No Brasil, esse índice é de 1,8 médicos para mil habitantes. A taxa de mortalidade em Cuba é de 4,6 para mil crianças nascidas, e a expectativa de vida é de 77,9 anos (2013). No Brasil, a taxa de mortalidade é de 15,6% para mil bebês nascidos e a expectativa de vida é de 74 anos.
É hora de acabar com os preconceitos. O Mais Médicos é um programa provisório, que visa disponibilizar médicos em locais onde não há profissionais brasileiros e que tenham um perfil adequado para a medicina de comunidade. Esse programa não vai resolver nossos problemas, mas pode ajudar. É provisório e é importante. Sejam bem vindos todos os que pretendem cooperar com a saúde e o bem estar do nosso povo!