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Os "herois" da casa mais espiada do Brasil

Você tem acompanhado o que acontece na casa mais famosa do Brasil, a “casa dos heróis”, como diz o apresentador Pedro Bial?
Opa, “peraí”, heróis? Se conviver com outras pessoas, sem o menor pudor, e sem fazer nada de produtivo para a sociedade, vigiado por câmaras 24 horas é ser herói, o que dizer dos policiais que colocam a própria vida em risco para combater o crime? Se protagonizar cenas quentes embaixo do edredom ou fazer topless na frente dos outros (e do Brasil inteiro) é ser herói, o que dizer dos professores que educam nossos filhos em troca de uma má remuneração? Se ficar confinado numa casa com todo conforto e mordomia, comendo, bebendo e dormindo é ser herói, o que dizer dos pais que, além de trabalharem durante o dia, ainda estudam à noite para obter uma melhor colocação no mercado de trabalho? Que me perdoem os fãs do BBB, mas será que não estão sendo pobres na escolha de seus heróis?
Por ser novidade, eu assisti às duas primeiras edições do programa e tive a leve impressão de que era tudo combinado. Ou você acreditou que as lágrimas que o Bambam derramou no BBB 1 ao perceber que sua boneca Maria Eugênica havia sumido foram verdadeiras? Desconfio que não. Nos anos seguintes eu fiz como as pessoas que falam mal: dei só umas espiadinhas. Mas um dia resolvi colocar o programa no paredão e eliminei-o da tela da minha TV. O BBB deixou de ser entretenimento e apelou para a sacanagem e os telespectadores se tornaram testemunhas de baixarias, “pegações” e safadezas. De nobre restou só o horário.
Mas sabe o que eu gosto? De conhecer pessoas que me inspiram, através de suas histórias de vida, e que são os verdadeiros heróis da vida real. Semana passada, realizei uma palestra em Santa Cruz e conheci Elemar Fischborn, de 69 anos. Pai de três filhos, ele contou que em 1961 trabalhava como funileiro em uma empresa quando foi demitido. Como não conseguiu outro emprego, resolveu apostar na agricultura. Agarrou machado e foice e derrubou a mata para plantar. “Não tinha motosserra e minhas mãos ficavam cheias de calos. Venci na vida e consegui dar estudo para meus filhos”, contou orgulhoso.
Elemar é um dos milhões de heróis anônimos brasileiros que não aparecem na mídia, não dão autógrafos e nunca saem do anonimato. Assim, eu sugiro que deixe de espiar a “casa dos heróis” e dê uma espiadela na sua própria casa. Lá podem estar os seus verdadeiros heróis. Bom dia!