Você já ouviu que o mundo vai acabar dia 21 de dezembro deste ano, aquela profecia do calendário maia? Eu também ouvi falar. Tá com medo? Fique tranquilo: vai piorar. Antes do dia 21 teremos o dia 12/12/2012, um dia que, no mínimo, instiga a imaginação do maior dos céticos. Já pensou se os planetas se alinharem? E se o mundo começar a girar ao contrário? E se o polo norte for parar no sul, e o sul no norte? E se a força da gravidade se inverter? Imagine se, ao contrário de como é hoje, tudo começar a “cair pra cima”. Neste caso teremos que rever todos os conceitos. Por exemplo, homem que não nega fogo será aquele que conseguir manter seu pinto pra baixo na hora H.
Mas Deus é justo. Se o mundo girar ao contrário e a força da gravidade se inverter, haverá uma compensação: o chão vai tremer. Terremoto? Chame como quiser. O fato é que dia 7 de novembro será inaugurado, em Santa Cruz do Sul, um centro de arte e excelência em danças no piso superior do Clube Corinthians (mas também aberto a não sócios). O espaço se chamará Open Extreme Brasil. Terá no comando o coreógrafo Junior Soares, e instrutores de não menor renome, vindos de vários lugares, especialmente do Rio de Janeiro. Preocupado com o terremoto? Aumente o número de decibéis: eu serei um aluno! Mas não um aluno qualquer. Serei tipo assim… terremoto com tsunami.
No dia 7 de novembro faltarão 44 dias para 21 de dezembro, o suposto fim do mundo. Não entendo de avicultura nem de produtos galináceos, mas imagino que, com tanta evolução, 44 dias é tempo suficiente para aprender a soltar a franga. O jeito é se soltar. Se vamos morrer, por que não morrer dançando?
Nestas alturas o leitor deve estar pensando que estou preocupado com a morte proeminente em 21/12. Não, isso é coisa pequena. Preocupo-me com coisas maiores. Depois de encarar essa parada de dança, estou com um problema pessoal que tem me tirado o sono: não sei qual boné escolher para dançar hip-hop. Outra preocupação minha é que não tenho chapéu de dançarino de tango. Caso você for chapeleiro, e estiver lendo esta crônica, por favor, responda ao e-mail citado acima do título, nesta coluna, se é possível adaptar um chapéu de gaúcho ao ponto de se transformá-lo em chapéu de dançarino de tango. Sua resposta será importantíssima, poderei transformá-la em utilidade pública. Se responder, você vai estar de boa com São Pedro dia 21 de dezembro. Vai direto, sem escala no purgatório. Outra coisa que me preocupa são os acessórios. Já vi gente dançando com uns penduricalhos na roupa. Estou guardando qualquer corrente que encontro, nem as de chaveiro não escapam. Outra coisa que está me tirando o sono, é talvez ter que escolher uma calça pra rasgar, a fim de ficar na moda. Eu não saberia qual rasgar.
Sou eclético para músicas, imagino que serei assim também para danças. Vou de “La Cumparsita” a “Tchê Tchererê Tchetchê”, de “Singing In The Rain” a “Dançando Na Saveiro”, de Mick Jagger a Michel Teló. Não só quero que “Besame Mucho”, mas também “Eu Quero Tchú, Eu Quero Tchá”.
Disseram-me que dançar requer preparo, então preciso ir agora. Preciso quarar a roupa, lustrar o sapato (a sola!), e amaciar o couro (do sapato!). Preciso consultar um médico, vai que a palavra preparo significa estar preparado a, se for o caso, enfrentar dor nas “juntas” ao dançar hip-hop, ou na “bacia” ao dançar lambada.
Que venha o Open Extreme Brasil Dance. Que rufem os tambores. Lá vou eu. Só ainda não estou preparado para uma possível inversão da força da gravidade. E se tudo começar a “cair pra cima”? Vish! Eu preciso treinar. Fui!