Parafraseando Moacir Scliar: uma folha de papel em nossa mesa é um convite ao texto; uma folha de papel, amassada e jogada na rua, é lixo. Para mim, uma síntese bastante clara que, toda matéria fora de lugar e da sua natureza original, trata-se de lixo. Por outro lado, no caminhar da humanidade, temos encontrado maneiras mais adequadas em lidar com nossos resíduos do que simplesmente jogá-los fora. Nesse sentido, temos o Programa de Coleta de Óleo Saturado da Afubra (PCOS), iniciativa pioneira e longeva que concilia vários princípios básicos que explicam o seu crescimento, mobilização, eficiência e abrangência.
Primeiramente, o PCOS nasce dentro de um programa de Educação Ambiental, o Projeto Verde é Vida, mantido há quase 30 pela Associação dos Fumicultores do Brasil, onde foca, na educação complementar das crianças, as questões pertinentes ao ambiente em que vivem. A partir daí, ocorre mobilização e o engajamento necessário para fazer acontecer!
É inegável os problemas decorrentes do destino incorreto do lixo. Seja qual for, degradará o ambiente e causará impacto, seja de menor ou maior grau. Não é diferente do óleo saturado, aquele óleo de cozinha usado que, antes do Programa era simplesmente descartado. Onde: pia, ralo, fossa, terreno baldio, na terra, na sanga, seja mais onde era largado. O importante é que se buscou outro destino que não o ambiente para esse óleo. Assim, evita-se poluir a água, entupir ralos, esgotos, tubulações e preservar os ambientes aquáticos e terrestres deste significativo impacto.
Portanto, a partir da mobilização em torno do problema, organização e empenho da comunidade na área de abrangência da Afubra, tem-se alcançado números realmente interessantes. Se consideramos que 1 litro de óleo saturado polui até um milhão de litros de água, podemos facilmente dimensionar o tamanho do impacto de reciclar mais de 1 milhão de litros de óleo saturado, fato já alcançado pelo Programa ao longo de mais de 10 anos. Simplesmente fantástico!
O PCOS da Afubra pode ser um modelo e implementado em outras regiões, municípios, bairros, condomínios, etc., porque independe de vontade política, é exequível e pode sustentar-se por si só. Desde que haja vontade! Vontade para trabalhar com pessoas! Vontade em alterar hábitos! Vontade em alterar, positivamente, o ambiente em que vivemos e fazermos, de fato, a diferença com pequenas ações.
A Afubra propôs um trabalho e a comunidade uniu-se para dar o devido destino ao óleo. Por consequência e por mérito, as instituições de ensino ou filantrópicas acumulam bônus ao longo do ano. Ao fim de cada período essas instituições podem fazer a troca dos pontos por mercadorias de uso da rede Agro-Comercial Afubra e assim equipar-se e melhorarem suas infraestruturas disponíveis.
Simplesmente a partir da organização social em função de objetivos comuns, consegue-se evoluir coletivamente. Esse é o modelo de trabalho em equipe que a Afubra com centenas de instituições, pessoas físicas ou jurídicas, fazem acontecer: o Programa de Coleta de Óleo Saturado. Resta às regiões não abrangidas pelo Programa criarem iniciativas semelhantes para dar o devido destino aos resíduos e não simplesmente jogá-los de lado.
Juarez Iensen Pedroso Filho – engenheiro florestal e gerente de Produção Agroflorestal da Afubra