Início Geral O simbolismo da Páscoa nas diferentes religiões

O simbolismo da Páscoa nas diferentes religiões

Foto: Divulgaçãoi/RJ
Data ressalta a ressurreição e se configura em uma demonstração da divindade de Jesus

Ana Souza
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A Páscoa é celebrada de diversas formas pelas religiões. Para os cristãos, por exemplo, é a festa de maior importância do calendário. A data ressalta a ressurreição e se configura em uma demonstração da divindade de Jesus. Chamada de pessach (do hebraico, que significa “passagem”), era realizada como lembrança da libertação dos hebreus da escravidão no Egito. É uma das mais antigas celebrações, instituída pela Igreja Católica no ano 325 depois de Cristo, no Concílio de Niceia.


Antes disso, as comemorações desse importante período, já ocorriam há centenas de anos entre os judeus. Entre as muitas religiões, há várias formas para se relacionar com a espiritualidade e se ligar ao divino. Confira a seguir os significados da Páscoa nas religiões Católica, Evangélica, Umbanda e a grande fraternidade branca.

CATÓLICA


A Páscoa é a centralidade do ano litúrgico, enfatiza o coordenador de Pastoral da Catedral São João Batista, Rodrigo Eduardo Hillesheim. “É o acontecimento central da fé cristã. Como diz a Sagrada Escritura: ‘Se Cristo não ressuscitou, vã é a nossa fé’. Então a ressurreição é o momento central de todo o ano litúrgico. Celebramos a Páscoa semanalmente, todos os domingos, mas, de forma mais solene e intensa, uma vez por ano e preparada pela Quaresma. Acontece dentro da Semana Santa e inicia com o Domingo de Ramos e a Paixão do Senhor. O ponto principal é o Tríduo Pascal, de quinta para sexta, de sexta para sábado e de sábado para domingo. Lembramos três gestos importantes de Jesus: a instituição da Eucaristia, o Sacerdócio Ministerial e o Mandamento do Amor. Por isso a missa é chamada de Ceia do Senhor e do Lava-Pés. Na quinta-feira, acontece o momento da Eucaristia. Na sexta-feira a Celebração da Paixão, sem missa em nenhum lugar do mundo. Representa a entrega do Senhor na cruz, momento da adoração da cruz e a prece universal pelo bem da humanidade. Dia de silêncio e jejum. No sábado santo, a solene Vigília Pascal, com a celebração eucarística, formada pela bênção do fogo novo, acendimento do Círio Pascal, em que se proclama a luz de Cristo ressuscitado, que ilumina todos os povos, e a renovação do batismo. Morremos e ressuscitamos com Cristo para uma vida nova. O domingo é marcado pela ressurreição de Cristo. A Páscoa remonta à passagem, povos antigos de tradição agrícola celebravam o fim do inverno e a chegada da primavera com a claridade da lua cheia. Enrolavam os primeiros cordeiros para afastar a influência do mal de suas famílias. O povo judeu deu um novo sentido. Na entrada da primavera, faziam memória pelos anjos, que passaram na porta das casas dos hebreus, marcadas com sangue dos cordeiros para livrar a morte dos primogênitos, quando da passagem do povo escravizado no antigo Egito e que chegaram na terra prometida, festa celebrada até hoje pelas famílias israelitas. Os cristãos assumem esta festa na paixão, morte e ressureição do Senhor.”

EVANGÉLICA


Para a comunidade evangélica, a Páscoa é uma vida nova, conforme destaca o pastor Lindomar Raasch, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil em Santa Cruz do Sul (IECLB). “A certeza da ressurreição para a vida eterna. Celebramos com muita alegria e festividade entre todos os fiéis. O fundamental é reforçar a fé e lembrar o ato de Deus na ressurreição de Jesus Cristo, que é a verdadeira fundamentação da fé cristã, a essência e a base de tudo. Para a Igreja Evangélica, a data é lembrada por meio de celebrações especiais realizadas quinta-feira, sexta-feira, neste sábado, 16, às 19h30, e no domingo, dia da Páscoa, às 9h30.”

UMBANDA


A Páscoa é celebrada na Umbanda com a entrega de ninhos para crianças dos bairros de Santa Cruz do Sul, de acordo com Pai Antônio d’Ogum, babalorixá do Templo de Umbanda Pai Ogum Beira-Mar e Mãe Oxum. “A Páscoa, para mim, como umbandista, representa a festividade e a importância para os cristãos, pois celebra-se a morte e a ressurreição de Jesus Cristo, uma história bíblica interpretada de diversas formas. Seu significado é focado em uma nova vida, um recomeçar e nova esperança para a comunidade. O morrer e o renascer falam da espiritualidade. A morte e a vida são companheiras do ser humano, algo para refletirmos. A simbologia do ovo pascal representa a fertilidade, a união, o renascer e a esperança de um novo dia. Temos que aproveitar esta vida e fazer o bem sem olhar a quem, fazer a partilha e poder ajudar a quem necessita.”


GRANDE
FRATERNIDADE BRANCA


Cada lua cheia é um momento definido de invocação e meditação. De todas do ano, há três que são de maior importância espiritual, concentradas em três meses consecutivos, conduzindo um prolongado esforço espiritual que ancora a Chama Trina para o resto do ano. A Chama Trina são as três forças presentes em nosso coração: o dourado (sabedoria e iluminação), o azul (vontade e poder) e o rosa (amor e inteligência ativa). A Páscoa, que é traduzida como “passagem”, representa o primeiro ancoramento energético do ano, o renascimento, representado pela cor dourada. Dessa forma, temos os três festivais no plano espiritual: o da Páscoa, Lua Cheia de Áries (Chama Dourada); o de Wesak, Lua Cheia de Touro (Chama Azul); e o de Asala – Santo Ser Crístico da Humanidade, Lua Cheia de Gêmeos (Chama Rosa).


O terapeuta Alceu Guterres Junior explica essas relações. “Estamos agora no Festival de Páscoa. A Chama Dourada traz muito fortemente em seu âmago a presença do Cristo, a ‘passagem’ para o seu coração, e nos conecta ao Templo Solar da Sabedoria. Nos estudos da Grande Fraternidade Branca, há duas datas para a comemoração da Páscoa: o domingo tradicional e o plenilúnio, que é o pico da lua cheia. Portanto, em cada ano, a Páscoa acontece em uma data diferente. Um mês após a Páscoa, na lua cheia seguinte, quando o sol está em touro, nós temos o Festival de Wesak, em que Buda, Cristo e toda a hierarquia espiritual trazem suas bençãos. Nessa ocasião, abrem-se os portais do Templo Solar da Força e Decisão. E, na terceira lua cheia, quando o sol está sob o signo de gêmeos, abrem-se os portais do Templo Solar do Amor, conhecido como Festival do Santo Ser Crístico (Asala), em que a humanidade colhe toda a energia recebida nos primeiros dois festivais. Essa data também está relacionada com Pentecostes, que é uma ancoragem do Espírito Santo sobre a Terra.”