Historiografia significa a “escrita da História”, é a atividade que analisa, estuda e descreve os acontecimentos históricos. Ao longo do tempo, a História pode ser contada de modo diferente. Um exemplo disso é a Guerra do Paraguai, encerrada há 150 anos, em 1870.
O conflito envolveu a Tríplice Aliança (Argentina, Brasil e Uruguai) contra o Paraguai governado por Solano López. O governante paraguaio foi derrotado e assassinado, marcando assim o fim da guerra. Na historiografia brasileira, as explicações para as causas do conflito variaram bastante. No final do século 19 e boa parte do século 20, os historiadores apontavam que a causa da guerra era o aspecto “cruel” e “ditatorial” de Solano López. Esta versão, hoje considerada superada, possuía um caráter patriótico e nacionalista, ressaltando a ideia de “civilização” brasileira contra a “barbárie” de Solano López.
Entre as décadas de 1960 e 1980, a historiografia da Guerra do Paraguai aponta a Inglaterra como grande manipuladora do conflito. Os ingleses, grande potência industrial no período da guerra (século 19), estariam interessados em “frear” o crescente desenvolvimento econômico do Paraguai. Este é considerado um “revisionismo de esquerda” no estudo sobre o conflito. Vale lembrar que, entre as décadas de 1960 e 1980, o mundo vivia sob a bipolaridade entre o capitalismo dos EUA e o socialismo soviético. Influenciados por esta bipolaridade, os historiadores de esquerda teriam confundido o imperialismo da Inglaterra (século 19) com o imperialismo dos EUA (século 20) na Guerra Fria.
A versão mais recente da Guerra do Paraguai, na historiografia dos anos 1990 para cá, aponta motivações internas de Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, como causadoras da guerra. Conforme esta visão “atual”, a Inglaterra teve pouca participação no conflito. Os quatro países envolvidos viveram, conforme esta “nova” historiografia, intensas disputas políticas durante o século 19, que teriam provocado a Guerra do Paraguai.