Luciana Mandler
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No dia 8 de março é celebrado o Dia Internacional da Mulher. É uma data que marca conquistas sociais, políticas e econômicas das mulheres ao longo dos anos, sendo adotado pela Organização das Nações Unidas (ONU), e consequentemente, por diversos países.
Para marcar esta data e valorizar os avanços e conquistas das mulheres, o Riovale Jornal preparou um especial. Entre as mulheres entrevistadas está Salete Faber, de 43 anos, que além de assistente social, foi a primeira mulher, em 56 anos do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santa Cruz do Sul, a ocupar o cargo máximo de diretora.
Para quem não conhece, Salete, que é integrante da diretoria do sindicato, é filha de um casal de agricultores, e é natural de Sobradinho. Sempre viveu e residiu no meio rural, junto à agricultura familiar. Atualmente, cursa mestrado em Desenvolvimento Regional. Ela acredita que através do conhecimento científico, pode se tornar uma pessoa melhor como também passar o conhecimento adquirido na entidade, local onde trabalha.
Salete orgulha-se em ocupar importante cargo na entidade. “É uma história que estamos construindo, na qual me orgulho muito”, reforça. Ao ocupar o cargo de diretora, Salete diz que houve atualização do estatuto, permitindo a inclusão de mulheres diretoras.
Dentro das atividades específicas que realiza atualmente, enquanto diretora e enquanto profissional de serviço social, estão atividades voltadas aos grupos de mulheres rurais, atendendo quatro municípios: Santa Cruz do Sul, Vale do Sol, Sinimbu e Herveiras.
Para evidenciar e valorizar a mulher do campo, Salete reforça que instiga sempre o protagonismo das mulheres trabalhadoras rurais, a fim de dar visibilidade ao trabalho que exercem em suas propriedades, além de levar informação e formação para estas mulheres. “Elas têm muito conhecimento das suas lidas no dia a dia. As atividades têm o objetivo de levar algo a mais, seja através dos cursos de culinária – que busca aproveitar os alimentos que são produzidos na propriedade; instigar estas mulheres a estarem produzindo alimento livres de agrotóxicos; excedentes na propriedade que possam estar comercializando; assim como na forma do turismo rural, em como essa propriedade pode ser explorada sem agredir o meio ambiente e que se torne rentável”.
Ou seja, Salete desempenha importante papel junto a esses grupos: de estar mostrando para as mulheres do campo que existem outras possibilidades. Além disso, são nessas oportunidades que as mulheres podem usufruir de um momento só para elas, de saírem das atividades nas suas propriedades e ainda levarem conhecimento para casa.
Em se tratando de desafios para mulheres do campo, Salete diz que muito já se conquistou, a exemplo da aposentadoria aos 55 anos para mulheres do campo, que têm tripla jornada de trabalho. No entanto, ainda há o que ser feito, como a busca de espaço na coletividade, enquanto protagonistas. “Sempre falo o quanto temos que buscar o nosso protagonismo, seja em casa, junto à família, nos grupos, na sociedade”, reflete. Ainda, segundo Salete, entre os desafios estão: violência contra a mulher tanto física quanto psicológica, além do protagonismo da mulher junto à política.
Para finalizar, Salete reforça a força da mulher do campo. Mas não aquela força braçal, mas sim, enquanto protagonista da sua história, enquanto gestora e empreendedora em diferentes segmentos da agricultura. E ainda: “que sigamos sempre firmes nas nossas lutas e ideais, buscando o bem coletivo e que sejamos respeitadas primeiramente como mulher. Respeitada pelo saber, pela contribuição”, encerra.