O 27 de agosto marca a regulamentação da profissão de psicólogo no ano de 1962 através da Lei 4.119/62. A psicologia estuda a alma humana e não busca uma definição do homem enquanto ser coletivo, mas sim do homem indivíduo, de suas angústias, suas inquietações. O conceito de psicologia que conhecemos vem de diversas escolas que se desenvolveram como o behaviorismo, psicanálise, Gestalt, desenvolvimentista, humanismo.
Cada uma dessas escolas tem uma perspectiva diferente de estudo da psicologia: para os behavioristas é o comportamento, para os psicanalistas é a alma através do inconsciente, para os Gestaltistas, é o homem por meio de sua percepção; e, para os desenvolvimentistas, a relação desenvolvimento/aprendizagem. Cada escola aborda o “eu” conforme sua ótica, mas todas se empenham em tratar os conflitos, as angústias e o equilíbrio emocional do indivíduo.
Nesta data comemora-se o fim da luta travada, principalmente na década de 1950, por profissionais de diversas regiões do país que viam na Psicologia a oportunidade de melhorar a vida das pessoas, a qualidade da educação oferecida ou mesmo as condições de vida no país; e o início de uma nova luta pela qualidade da formação e dos profissionais. Foi durante esta luta pelo reconhecimento legal da profissão de psicólogo que a Psicologia ganhou espaço no meio acadêmico, houve um aumento da publicação no país e ampliação das áreas de aplicação.
Desde as primeiras décadas do século XX, quando o ensino de Psicologia entrou no meio acadêmico como parte da formação de filósofos e professores, foram feitas traduções de livros e artigos, além da publicação de artigos inéditos de brasileiros em revistas que estavam surgindo no país.
Comemora-se uma história de perdas e vitórias, alcançadas por pessoas que batalharam para criar o cenário profissional dos dias atuais. Esta comemoração, portanto, nos faz lembrar que todos os psicólogos de hoje são parte de um projeto que ganhou força no dia 27 de agosto de 1962 e que não está acabado. Cabe aos psicólogos de hoje, então, pensar na história que deverá ser contada no futuro.
Sobre a profissão
Para atuar como psicólogo, deve-se fazer uma graduação de cinco anos em Psicologia e, em seguida, especializar-se na área e na abordagem escolhida. O psicólogo não pauta sua atuação por diagnósticos, primeiro por não ser médico no sentido literal do termo e, segundo porque a ele interessa mais saber as causas subjacentes que estão motivando o adoecimento mental daquela pessoa. O psicólogo clínico é um profissional habilitado a tratar, por meio de técnicas que chamamos de psicoterápicas, as inúmeras formas de adoecimento mental que podem acometer um ser humano ao longo de sua vida. No geral estas técnicas utilizam prioritariamente a fala, mas podem utilizar também outros recursos como desenhos e técnicas corporais.
Quando procurar um profissional?
– Seus sintomas estão atrapalhando o seu rendimento no trabalho e suas relações sociais/familiares.
– Não tome medicação psiquiátrica de forma indiscriminada! Se quiser fazê-lo, procure um psiquiatra!
– Saiba que o tratamento medicamentoso sem o acompanhamento de um psicólogo é como “enxugar gelo”. Tratando somente os sintomas, mas não as causas, logo ficará doente de novo.
– Está realmente motivado a fazer transformações profundas em si mesmo? Procure um psicólogo.
– Tem urgência em melhorar? Sente-se pouco disposto a pensar sobre si mesmo? Procure um psiquiatra. O trabalho com o psicólogo exigirá seu empenho e paciência.
– É uma pessoa curiosa sobre si mesma? Quer entender as causas subjacentes ao seu mal-estar emocional? Procure um psicólogo.
Você estará prestes a iniciar um trabalho que, apesar de durar alguns anos, poderá mudar sua forma de enxergar a si mesmo e à vida radicalmente. Procure um profissional devidamente credenciado junto ao Conselho Federal de Psicologia de sua cidade e dê preferência àquele com quem você se sentiu respeitado e acompanhado.
Automutilação
Cortar a própria pele, bater em si mesmo, arranhar-se, queimar-se, apertar ou reabrir feridas, arrancar os cabelos são consideradas as formas mais frequentes de automutilação. É como “substituir” o vazio por dor, “aliviando” desta forma as sensações ruins. A maioria das pessoas que se automutilam tem consciência de suas feridas/ cicatrizes e tomam atitudes para escondê-las dos outros, cobrindo com roupas e quando vistas, oferecem explicações para os ferimentos.
Em alguns casos, o ato de automutilar-se, está associado ao Transtorno de Personalidade Borderline, porém, a doença tem acometido cada vez mais pessoas que, nos dias atuais apresentam sintomas como: bulimia, depressão, síndrome de pânico, bullyng, transtorno bipolar dentre outros.
A psicoterapia nestes casos, tem como objetivo, ajudar o paciente a identificar meios e formas eficazes de lidar com suas dores e frustrações, buscando o aumento da autoestima e o gostar de si mesmo, em prol da sua saúde física e emocional. A associação medicamentosa também é eficaz nos casos de automutilação, ajudando no alívio dos sintomas depressivos, ansiosos e impulsivos que podem colaborar para a permanência do comportamento.
Amigos e família são de suma importância na vida do automutilador, pois podem incentivá-lo a procurar voluntariamente ajuda de um bom profissional, seja ele um psicólogo ou psiquiatra, que irão identificar as causas e/ou origem do problema e restaurarão o diálogo, ouvindo desta forma o “grito de socorro”. Oriente-o, mas não o obrigue, estejam cientes de que automutilação TEM CURA, e de que a família também necessita de um apoio para que possa compreender e colaborar obtendo assim, um resultado mais eficaz!
Michelle Bertussi Raabe
Psicológa
CRP 07/16344