Tenho acompanhado com certa curiosidade os desdobramentos da eleição norte-americana. O debate dos presidenciáveis foi uma vergonha, onde se falou de tudo, menos dos destinos e projetos para o próximo governo. Já o debate dos vices, este sim, teve outra conotação, e não vou falar da mosca que virou celebridade, mas o conteúdo foi bem melhor. Neste debate ficou claro como dividem-se os sentimentos dos americanos, em temas como racismo, segurança, relações multilaterais e principalmente a visão nacionalista dos conservadores republicanos, contraposta por um olhar mais universal dos democratas.
Como já disse em outro momento neste espaço, no campo da política, é inegável reconhecer que a derrota da democrata Hillary Clinton interrompeu movimentos mundiais importantes que Barack Obama havia encaminhado, seja dialogando com adversários históricos, como Cuba e Irã, como também políticas internas importantes, que tratam de temas como a discussão do uso de armas, a relação com estrangeiros legais e ilegais, as políticas públicas inclusivas dos negros, dentre outras políticas públicas que foram desenvolvidas com sucesso por Obama.
A adesão que o governo Bolsonaro fez ao Trump, na hipótese de vitória de Joe Biden, fará com que algumas pedras se movam no tabuleiro do cenário político nacional, bem como na América Latina, o que de certa forma dá um alento de que a onda da truculência já está passando.
Isto não quer dizer que teremos uma transformação do mundo em uma eleição, mas revigora as esperanças daqueles que ainda acreditam que a democracia e a paz são duas faces de uma mesma moeda, e ambas podem construir um diálogo além das fronteiras das nações.
Assim, no contexto acima, resta evidente que o presidente dos EUA, não é problema só dos americanos, mas de todo mundo, em especial aos países periféricos, onde a valorização do dólar significa menos comida na mesa dos pobres do planeta.