Ricardo Gais
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Com o início da vacinação contra a Covid-19 em janeiro deste ano em Santa Cruz do Sul, alguém teve que ser o responsável para ir a Porto Alegre, ou mais precisamente, na Central Estadual de Armazenamento e Distribuição de Imunobiológicos (Ceadi), para buscar as remessas dos imunizantes que são entregues semanalmente na Capital gaúcha, para que as doses cheguem ao Município.
O motorista da 13ª Coordenadoria Regional de Saúde que está com este importante trabalho é o santa-cruzense Rivaldave Hunger Koch, mais conhecido como Riva, de 52 anos, residente do Bairro Ana Nery. E para entender o trabalho do Riva e viver a sensação de buscar e lidar diretamente com as doses contra o coronavírus, que são distribuídas para 13 municípios da região, e que vão parar nos braços de milhares de pessoas, o Riovale Jornal foi convidado pela coordenadora da 13ª CRS, Mariluci Reis, para acompanhar todo o trajeto de busca das doses de esperança.
O TRAJETO
A viagem ocorreu no último dia 16 de julho, então, embarque agora com a gente neste roteiro que iniciou às 5h, daquela sexta-feira. Saímos de Santa Cruz do Sul, com o veículo Chevrolet S10, do Serviço Público Estadual do Rio Grande do Sul, com destino à Ceadi. Inicialmente pegamos a rodovia RSC-287, o dia não havia amanhecido e a temperatura marcava 7°C.
Durante a parada, Riva contou suas histórias já vividas em 12 anos como motorista pela 13ª CRS, entre elas o conhecimento adquirido de como dirigir dentro da Região Metropolitana, o sentimento de viajar e ficar longe da família, além dos acidentes que presenciou nas estradas. “Eu gosto desta profissão de motorista, sempre gostei de estar na estrada. Eu já trabalhei na área da saúde e fui motorista de ambulância, isso facilitou para eu chegar na 13ª Coordenadoria e lá trabalho há 12 anos fazendo o que eu mais gosto, que é dirigir”.
O motorista ressaltou a atenção durante os trajetos. “Como viajo muito durante a madrugada, a atenção é redobrada, principalmente no inverno, devido à cerração, mas durante o dia fica melhor para dirigir. Quando eu saio de casa sempre penso na minha família, que aguarda a minha volta, por isso procuro andar com segurança, porque a gente sai de casa e não sabe se volta, pois na estrada estamos sujeitos a tudo e é preciso ficar atento no volante, e quando eu vejo um acidente com vítima, fico chocado, mas não posso deixar isso me abater, é meu trabalho”, contou Riva.
Depois de uma hora de viagem chegamos na BR – 386, onde ainda em meio à escuridão do início da manhã, alguns raios solares surgiam entre as nuvens. O trânsito começava a ficar com um grande movimento perto do Município de Nova Santa Rita, onde o fluxo de caminhões era maior.
Ao ingressarmos na Rodovia do Parque (BR-448), o trânsito já estava com maior fluxo de veículos com pessoas que se deslocavam para o trabalho. Nós continuávamos a busca pelas vacinas contra a Covid-19. Às 6h30 saímos da rodovia e ingressamos na Avenida Padre Leopoldo Brentano e logo em seguida na Avenida A. J. Renner até chegarmos na famosa Avenida Ipiranga, que passa ao lado do Arroio Dilúvio.
Por volta das 7h chegamos em frente à Ceadi, conhecida também como Centro de Distribuição de Medicamentos e Vacinas. Como os imunizantes apenas eram liberados a partir das 10h, Riva estacionou o carro em um estacionamento ao lado do local e ficamos esperando até sermos chamados, pois a entrega das vacinadas ocorre por ordem de chegada.
Nessas três horas de espera chegaram também motoristas de outras coordenadorias, como de Osório e Erechim. Para as regiões mais distantes, as remessas foram enviadas por avião. Nesse tempo, Riva falou sobre seu trabalho e a importância de trazer as vacinas contra Covid-19 à nossa região. “Quando busquei a primeira leva de vacinas contra a Covid, para mim foi algo normal, porque eu busco medicamentos e outras vacinas como da gripe. Minha ficha caiu quando cheguei em Santa Cruz e estava toda a imprensa e a prefeita na frente da coordenadoria, dali em diante percebi que se tratava de algo diferente”, enfatizou o motorista. “Estar buscando as vacinas e levar até a nossa região é um sentimento de esperança, para que as coisas voltem ao normal”, pontuou.
Fomos chamados para carregar as vacinas às 11h30 – a separação das doses acabou atrasando dentro do centro de distribuição. O carregamento ocorreu nos fundos da Ceadi. Foram entregues duas caixas de isopor grandes, com cerca de 14 mil vacinas destinadas para a região, e dessas, 6.610 doses da Covishield, do Laboratório AstraZeneca em parceria com a Oxford, vieram para Santa Cruz do Sul.
O carregamento durou menos de 15 minutos e após a conferência dos documentos, iniciamos o trajeto de volta. O friozinho da manhã já não se fazia mais presente e o sol e céu azul predominavam.
Após feito todo o caminho de retorno pela Rodovia do Parque, BR-386 e RSC-287, chegamos em Santa Cruz, no prédio da 13ª CRS, localizado na Rua Júlio de Castilhos, no Centro do Município, local onde as duas remessas das vacinas foram entregues e separadas para os respectivos municípios da região.
Com todas as doses entregues, finalizamos nossa viagem, que se estendeu até as 14h.
