Foi o gre-nal do medo. Os dois maiores times gaúchos entraram em campo para o clássico de despedida do Olímpico com a mesma estratégia: rechear o meio-campo com volantes e se fechar como uma concha. O resultado não podia ser diferente: um empate frustrante, sem gols. Nem as expulsões do Muriel e do Leandro Damião (que deixaram o Inter com nove jogadores todo o segundo tempo), nem a força da torcida tricolor, nem o sonho de ficar em segundo lugar no brasileirão e ter vaga garantida na fase de grupos da Libertadores, fizeram com que o Imortal da Azenha se arriscasse ao ataque. O medo de perder tirou do time a vontade de ganhar.
Tem gente que, muitas vezes, age como o Grêmio: tem o desejo de vencer, de dar a volta por cima, mas não ousa, não arrisca. Acha melhor se contentar em ter pouco, do que se atrever a ter mais… e acabar sem nada. O medo de perder é seu ponto fraco.
É preciso calcular bem os riscos de cada ação, mas também aceitar que ser destemido nos momentos difíceis faz parte do jogo. Como diz o ditado: “Não tenha medo de enfrentar um galho difícil. É lá que se encontram os melhores frutos”.
Na minha adolescência eu sonhei várias coisas e uma delas foi ser narrador esportivo. É verdade! Comecei narrando futebol de botão quando criança. Eu costumava me fechar no quarto e passar as tardes narrando os jogos. E os botões não eram de galalite, não. Eram panelinhas.
Quando completei 15 anos achei que estava na hora de apostar no meu talento e decidi fazer um teste para locutor esportivo. Tomei coragem e liguei para a Rádio Cachoeira. O gerente José Schneider Silva, que atualmente reside em Capão da Canoa, marcou a data.
Na véspera, a mistura de ansiedade e nervosismo fez com eu passasse a noite em claro, rolando de um lado para o outro da cama. No dia marcado levantei cedo e fui até a parada de ônibus. Lá me perguntei: “será que não estou sonhando alto demais?” E o medo de fracassar fez com que eu desistisse de tentar. Um dia pedirei desculpas pessoalmente ao Schneider por tê-lo deixado esperando, mas, assim como o Grêmio de domingo, o meu medo de fracassar foi maior que a minha vontade de vencer.
E você, já passou por alguma situação semelhante?