Em uma edição da revista “Placar”, em 1996 creio eu, foi publicado um ranking que apontava os maiores clubes do mundo. Algumas pessoas podem se perguntar: “Qual é o maior clube de futebol do planeta?” O ranking da “Placar” respondeu sem cerimônias: o maior era o Real Madrid. Duas décadas e meia depois, acredito que o time “merengue” mantém essa posição: é o clube com mais títulos mundiais, mais títulos da Champions League e mais conquistas no Campeonato Espanhol.
O Real Madrid tem algo de mítico, especialmente quando você fica sabendo que ele venceu as cinco primeiras edições da Champions League, entre 1956 e 1960. Na época, contou com jogadores célebres do futebol mundial, como o goleiro argentino Domínguez, o zagueiro uruguaio Santamaría, e os atacantes Canário (brasileiro), Puskas (húngaro), Kopa (francês), Di Stéfano (argentino) e Gento (espanhol). Canário começou a carreira nos times cariocas do Olaria e América. Nesse mesmo período, o Real Madrid foi o primeiro campeão mundial de clubes, em 1960, em decisão contra o Peñarol, do Uruguai.
A primeira vez que prestei um pouco mais de atenção no Real Madrid foi na temporada 1994-95 do Campeonato Espanhol. O Madrid conquistou o título sob comando do técnico argentino Jorge Valdano, um dos grandes pensadores do futebol, campeão mundial como jogador pela seleção argentina de Maradona, em 1986.
Revisitando essa equipe da temporada 1994-95, treinada por Valdano, um dos grandes talentos era o zagueiro Fernando Hierro, jogador de extraordinária classe, um defensor altamente técnico. Assistindo a um vídeo da época, percebi que Valdano colocou sua equipe em campo, contra o Atlético de Madrid, no 4-3-1-2 (quatro defensores, três meio-campistas, um meia de ligação e dois atacantes).
Atenho-me ao meio-campo e ao ataque. Dos três meio-campistas, o canhoto argentino Redondo desfilava sua qualidade nos passes atuando como volante central. Pela direita, Míchel e, pela esquerda, Amavisca, que era praticamente um ponta “das antigas”. Como meia de ligação, o grande craque dinamarquês Michael Laudrup, que havia se transferido do arquirrival Barcelona para o Real Madrid. E, no ataque, dois jogadores: Raúl e o chileno Iván Zamorano. Sobre o setor defensivo, um dos destaques era o lateral-esquerdo Luis Enrique, que, tempos depois, faria o percurso inverso ao de Laudrup: iria do Real Madrid para o Barcelona. Luis Enrique seria também um grande treinador do Barça, comandando a equipe de 2015 que contou com o “trio dos sonhos” – Messi, Suárez e Neymar.