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O jovem padrinho e a prata da casa

Alyne Motta – [email protected]

Um jovem de quase 72 anos de idade. Assim é o escritor chileno Antônio Skármeta, patrono da 25ª Feira do Livro de Santa Cruz do Sul. Cheio de alegria e jovialidade (porque ser jovem é questão de espírito), passeou por Santa Cruz do Sul e recebeu a todos com atenção e um sorriso no rosto.

Luiza Siemann

Skármeta: alegre e lisonjeado com o convite em ser patrono

Atento a tudo, estava ansioso para conhecer o município. Em entrevista ao jornal Unicom, o autor declarou sua curiosidade e sua impressão de que poderia ser uma excelente cidade para as filmagens do seu romance Um pai de cinema. Chegando aqui, pôde confirmar suas impressões.
“Gostei muito daqui. Tem muitos atrativos turísticos e a influência alemã é muito forte. Pena que não existe nenhuma proposta de diretores para a gravação de um filme sobre o romance”, declarou o autor em um bate-papo na tarde de quinta-feira, 30 de agosto, no Espaço Camarim.

Luiza Siemann

Em passeio pela cidade, autor achou-a excelente para filmagem de um romance seu

Na oportunidade, além de conversar com a imprensa, o autor lançou sua mais recente obra: O dia em que a poesia derrotou o ditador. Dividido em duas linhas que se cruzam, o livro aborda a repressão da ditadura e a dramaticidade. “É uma obra realista, com traços de ficção”, descreveu Skármeta.
O bate-papo foi regado a leitura, em espanhol e português, e também a imagens, como o vídeo NO, que contou sobre a campanha política passada na televisão chilena sobre o plebiscito contra o ditador Pinochett. O vídeo serviu de inspiração para o autor escrever seu livro.

Alyne Motta

Em bate-papo, escritor leu e ouviu suas histórias

CARTEIRO E O POETA
Mas não só desta obra que se falou. “O carteiro e o poeta” também entrou no assunto. Perguntado sobre a mudança de valores, Skármeta explicou que sua escrita mostra a amizade e o amor verdadeiro. Segundo ele, a alegria começa a surgir quando nos aproximamos das pessoas.
Quanto ao uso desta obra como ponto alto da Feira, o patrono sentiu-se lisonjeado. “Achei genial esta atitude e feliz por poder proporcionar isto”, garantiu o autor, maravilhado com a troca de cartas. “É a valorização da linguagem e da cultura”, finalizou Skármeta.
O autor recebeu cartas de alunos e participou de outras atividades durante a Feira do Livro, entre elas, um encontro com o também escritor e secretário de Cultura do Rio Grande do Sul, Luiz Antônio de Assis Brasil, mediado pelo professor Demétrio de Azeredo Soster.

Uma homenagem a Valesca

A santa-cruzense Valesca de Assis voltou a sua casa depois de alguns anos. Desta vez, como homenageada da Feira do Livro de Santa Cruz do Sul. Mais que ser reconhecida pelo seu trabalho, aproveitou a oportunidade de bater papo com alunos e lançar uma re-edição do livro “A colheita dos dias”.
Sua primeira edição foi em 1992, quando ainda dava seus primeiros passos na literatura. Quase 20 anos depois, sentiu-se madura o suficiente para melhorar a escrita e relançar a obra. “A primeira edição foi produzida na máquina de escrever. Os tempos evoluíram e hoje consigo olhar ele sob outra forma”, afirmou a escritora.
Valesca revela que procurou uma obra para lançar na Feira, pois não queria vir de mãos abanando. Esposa do também escritor e secretário estadual de Cultura, Assis Brasil, declara que aprendeu muito com o marido. “Participei de várias palestras e oficinas ministradas por ele. O bom é que sempre temos assuntos novos”, comenta.

Alyne Motta

Em bate-papo, Valesca revelou que não quis vir para a Feira de mãos vazias

Professora de literatura por muitos anos, manteve sua paixão e vocação por ensinar e, atualmente, ministra oficinas sobre escrita e desbloqueio literário. Entre os conselhos, Valesca afirma que a leitura é fundamental, bem como a importância de ter uma rotina de criação, mas revela que não cumpre esta última dica.
Quanto ao que inspira, a autora diz que é muito relativo. “Talento e criatividade estão nas entranhas. É coisa de alma. Existem situações que em certo dia me atraem, e no outro não fazem menor sentido”, comenta. “O importante é valorizar pequenos detalhes e paixões”, acrescenta.
Sobre ser a homenageada desta edição, relatou que a experiência foi melhor que ser patrona. “Pude aproveitar o carinho e desfrutar a Feira do Livro em sua essência. A simplicidade me tocou muito e pude ver a evolução que ela proporcionou nas pessoas”, finalizou a escritora, radicada em Porto Alegre.