O tema – um novo imposto para cigarros, bebidas e produtos com açúcar -, o chamado “Imposto do Pecado”, nos é tão caro que para a Federação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias do Fumo (Fentifumo), sua repercussão junto aos operários desta cadeia produtiva rendeu pelo menos mais um artigo.
A Fentifumo quer hoje debater o que é ou não pecado. Embora a definição de pecado esteja no campo da crença, cabem aqui indícios científicos de que nosso trabalho não é culpado. E já que estamos falando de estudo, queremos aqui propor um micro-debate.
O mesmo governo que fala em pecado, e por conta disso, usa a religião para justificar um ato em cima da taxação de um produto assim denominado “pecador”, usa a ciência para embasar sua justificativa, descrevendo o cigarro como um produto que faz mal à saúde. Se faz, e isso é a ciência quem diz, não as crenças de Brasília, existem outros produtos capazes de igualmente fazer mal, no entanto, parece que estes não estão no rol das “coisas pecadoras.”
Pecado maior é deixar crianças sem merenda escolar. Idosos sem medicamentos, alunos sem livros, enquanto o material didático vira papel higiênico na reciclagem. Dá para entender que a corrupção é o maior pecado de nossa sociedade crente e pagã? É ela quem dizima famílias, fecha postos de trabalho e coloca o Brasil num lamaçal sem fim.
Criar um novo imposto, para taxar o pecado é favorecer a corrupção, privilegiando assim o próprio pecado. Hoje, quase a metade do consumo de cigarro é feito em cima de produtos contrabandeados, mais baratos, pois não têm a alta carga tributária, vindos de forma irregular, sem inspeção de qualidade, sendo comercializados em nosso país em todos os lugares, a céu aberto, a vista de todos. Isso é certo?
Taxar o cigarro nacional com mais uma cobrança, chamada de “Imposto do Pecado”, para nós é, no mínimo uma blasfêmia. Uma indulgência do governo que se diz laico, porém precisa entrar no campo da crença para justificar a sua ineficiência fiscal.
Pecador sim é o país que incentiva o desemprego e o abandono ao seu povo, a partir da incapacidade de estancar a mazela da corrupção, do contrabando e do crime organizado. A Fentifumo reforça seu posicionamento em defesa dos trabalhadores da cidade, do campo, irmanada com as demais entidades que são comprometidas com esta cadeia produtiva legal, que vira e mexe é penalizada e agora, na iminência de ser excomungada, com mais um “divino” imposto.
*Gualter Baptista Júnior – Mestre em Administração e Presidente da Fentifumo