De acordo com a ONG Tribuna Animal “todo o animal deve ser livre de medo e estresse, de fome e sede, de desconforto, de dor e doenças e expressar seu comportamento natural”. Depois que conheci o Romeu eu assino embaixo de cada um desses direitos. Vou contar como foi.
Quando cheguei à cidade de Goiânia, domingo, no apartamento dos amigos Daniel e Claudi Borges fui recepcionado carinhosamente pelo Romeu. Não, você nunca ouviu falar do Romeu, pois ele não é uma pessoa, mas um gato. Um gato preto.
Quem vê o leite morno que o Romeu bebe e a ração que ele come não tem ideia do período de sede e de fome que ele passou pelas ruas da cidade. A Claudi me contou a dramática história do bichano:
“Certo dia, quando estava saindo para o trabalho, eu encontrei um gatinho agonizando em frente ao prédio. Logo vi que era mais um animalzinho indefeso que havia sido maltratado e abandonado na rua. Eu o recolhi e encaminhei a uma clínica veterinária. Depois resolvi adotá-lo e dei-lhe o nome de Romeu. O bichinho havia sofrido tanto que levou três meses para se recuperar dos maus-tratos que sofreu.”
Nas noites que se seguiram Romeu dormiu no chão do meu quarto e, toda vez que eu levantava para tomar um copo d’água na cozinha ou para ir ao banheiro, ele me acompanhava ronronando e roçando-se na minha perna. De madrugada, volta e meia eu acordava com ele lambendo meu rosto ou arranhando meus pés. O Romeu me conquistou para sempre.
Mas o interessante é que a história de vida do gatinho me comoveu e agora eu entendo as pessoas que se manifestam e se revoltam diante das atrocidades cometidas contra os animais. Minha irmã Jane, apaixonada por cães, é uma delas. O que eu não entendo é como alguém pode maltratar e abandonar um animalzinho tão indefeso e carinhoso como o Romeu. Tamanha brutalidade dessa gente sem coração parte o coração da gente!
E muitas pessoas pensam o mesmo: Em 2005, Paul McCartney, após ter visto imagens, gravadas numa pequena cidade da China, que mostravam homens jogando cães e gatos vivos nas jaulas dos leões em zoológicos para divertir os turistas, prometeu nunca mais se apresentar naquele país.
Pois é, enquanto eu finalizo esse artigo, observo o Romeu deitado no sofá da sala e me pergunto se o filósofo alemão Arthur Schopenhauer não estava certo quando disse: “O homem que é cruel com os animais não pode ser um bom homem”.