Cresci ouvindo histórias sobre a amizade entre homens e cães. Meu avô Antonino tinha um Collie chamado Tagiba que, todas as manhãs, deitava ao lado da cama. Ele estendia a mão e suavemente acariciava a cabeça de seu fiel amigo. No dia que meu avô morreu, não avisaram o Tagiba. Ele fez vigília ao lado da cama e recusou-se a comer e a beber. Morreu dias depois mostrando que amigos de verdade são amigos para sempre.
Mas nem sempre essa amizade é recíproca. Dhomini, por exemplo, “herói” do BBB, virou “bandido” nas redes sociais após contar que arrancou os dentes de seu cachorro com um machado: “Ele me mordeu e eu pisei na corrente, peguei o machado e tirei os dentes da boca dele. Aí ele ficou meu amigo, o banguela. Ele ria para mim só com um caquinho de dente”. A história virou Trending Topics do Twitter e causou revolta nos internautas que pediram para que ele fosse acionado pela Justiça. Quando soube que a policia havia aberto inquérito para investigar o caso, Dhomini desmentiu tudo.
Como não ficar sensibilizado – e inconformado – com as notícias de maus tratos e crueldade contra os animais domésticos? É o envenenamento de cães. Os cachorros esfaqueados. Os cães com partes do corpo em carne viva por terem sido queimados com água quente. Os cachorros executados a tiros. É, parece que o ditado “quanto mais conheço os homens, mas admiro os animais” está em voga.
Abandoná-los também é crime previsto em lei. Mesmo assim pesquisa da Universidade Federal do Paraná mostrou que 90% dos cães que vagueiam pelas ruas (magricelos, sarnentos, pulguentos e famintos), têm dono. Além de representar um risco físico à população, um cão caminhando à toa pela cidade também pode transmitir doenças aos seres humanos. O que fazer?
Eu liguei para dois amigos especializados no assunto e fiz a seguinte pergunta: “Qual a solução para os cães soltos pelas ruas?”. O Zootecnista Luciano Stefani, de Santa Maria, acredita na castração: “Castrar os animais de rua, a médio e longo prazo é a melhor solução”. Já o veterinário cachoeirense, Edson Salomão, defende a identificação eletrônica: “Deve-se implantar o microchip para estimular a guarda responsável e criar um sistema de informações e identificação dos cães e punir com rigor quem os abandona”.
Diante de tudo o que ouvi uma coisa é certa: se algo não for feito, o homem continuará não sendo amigo do melhor amigo do homem.