Entre os e-mails que recebi alusivos ao artigo “O que conta na hora de decidir o voto?”, alguns leitores alegaram que por mais bem intencionado que seja o candidato, devido ao sistema de interesses pessoais que impera no mundo politico, ele se corrompe depois de eleito. Em outras palavras o que eles disseram é que o ser humano (obrigatoriamente) é um produto do meio onde vive. Será?
Em março, o craque Romário, deputado federal de primeira viagem, em entrevista à Revista Veja, abriu o jogo, colocando essa teoria em xeque. Segue algumas frases do “baixinho”:
“Na Câmara só há uma minoria de gente que vale a pena conhecer. De mais de 500 deputados, uns 400 não querem saber de nada. Colocam a digital para marcar presença e se mandam. Vejo isso o tempo todo. Virou cena tão comum que ninguém demonstra um pingo de constrangimento em fazer o teatro. Eu mantenho o estilo Romário, sem muita firula nem enrolação”.
Como se pode ver, apesar do mau exemplo dos colegas parlamentares, Romário de Souza Faria tem se mantido firme no cumprimento de sua missão e não se deixado corromper. Com essa atitude ele nos dá uma importante lição: ainda que soframos forte influência do meio em que vivemos, só nos deixaremos ser manipulados por ele se quisermos. E, mesmo que o meio determine uma escolha, ainda assim seremos fruto de nossa decisão e não do meio. É como disse o pensador Steve Beckman: “Você faz suas escolhas e suas escolhas fazem você”.
Permita-me contar dois episódios que evidenciam a influência do meio sobre as nossas decisões.
No meu tempo de guri, de tanto assistir os amigos “passar a mão” nas calotas dos carros, um dia resolvi experimentar a sensação. Deu bolo! O motorista do fusca apareceu e me pegou “com a mão na botija” (ou melhor, na calota). Envergonhado, dei no pé e escapei com vida.
Anos depois, quando era estudante na UFSM, eu morava na Pensão da dona Jovita no centro de Santa Maria e tinha três companheiros de quarto: um de Caçapava e dois de São Gabriel. Os jovens são-gabrielenses fumavam maconha e cheiravam cocaína. Mas você acha que eu experimentei droga alguma vez? Nunca! Eu levava gravado em minha mente as palavras de alerta dos meus pais: “Filho, cuidado com a ‘boleta’, a melhor viagem é a vida!”.
Atualmente, em minhas palestras nas escolas eu utilizo essas passagens de vida para alertar o jovem a abandonar a tendência de ser influenciado pelos maus exemplos e começar a pensar por si mesmo, pois ele é e sempre será fruto de suas escolhas.