O exercício de votar e ser votado consagrado pela nossa Constituição, a possibilidade de escolhermos nossos representantes, ultrapassa o desinteresse da população brasileira de modo geral. Vejamos: será desesperança em nossos políticos diante de tantos escândalos, colocando todos em uma vala comum ou queremos o retrocesso na história?
Uma cidade como a de Santa Cruz chega ao número de votos apurados em 82.518. Temos votos válidos em 78.242 e votos brancos em 1.894. Já os nulos chegam a 2.382. Mas entre brancos e nulos até existe uma compreensão, pois a urna eletrônica oferece alguma dificuldade na hora de corrigir. Constatei que pessoas erraram: em vez de digitar em primeiro lugar o vereador, digitavam a majoritária. Nestes casos, o voto só contou para a majoritária. Mas o mais surpreendente é o grande vilão das eleições municipais: as abstenções em Santa Cruz. Foram 11.486 pessoas que resolveram viajar, ir para a praia e justificaram, mas não votaram. Verdadeiros patriotas.
Nas cidades onde houve segundo turno, as eleições não foram diferentes em todo o Brasil. Em Campinas, uma das grandes cidades do Estado de São Paulo, 72 mil eleitores votaram em branco ou anularam seus votos, 166,3 mil pessoas não votaram ou justificaram. A abstenção surpreendeu a todos. Isso é inaceitável, é uma forma errada de protestar. O direito sagrado de votar e ser votado é intransferível, não deve ser vendido nem comprado. Exerça sua cidadania plena. Somente com sua participação é que o cidadão será respeitado e poderá exigir dos seus representantes.
Este sintoma é de um total descrédito com a classe política. Esta forma de protesto não se justifica, mas é um termômetro da insatisfação geral do povo brasileiro. Ou participamos mais e escolhemos os nossos representantes com mais critério, ou vamos elegendo gente sem nenhum compromisso, ética, transparência e valorização do povo brasileiro. Maus políticos se beneficiam dos votos brancos, nulos e abstenções. Pensemos nisso.
“Mesmo que o trabalho iniciado não dê resultado imediato, não desanime. O progresso lento é o mais seguro”.
