Ao longo dos últimos 100 anos, o capitalismo passou por fortes crises econômicas, as mais famosas e graves a partir de 1929 e 2008, ambas com eclosão nos Estados Unidos. Com a pandemia do coronavírus, mais uma fortíssima intempérie se instalou na economia. Esta realidade exige uma participação maior do Estado, seja na distribuição de renda, seja em outras modalidades programáticas, contrariando a lógica do capitalismo – que costuma prezar pelo Estado mínimo.
É bem verdade que, se por um lado o Estado precisa estar mais presente em função da pandemia, a economia de mercado não deve ser abandonada. O capitalismo, apesar de seus defeitos, é essencial em nossas vidas. Vale ressaltar que, no século 20, os países socialistas europeus (como a União Soviética) enfrentaram dificuldades por terem adotado a economia planificada e, por esta razão, precisaram optar pelo capitalismo no fim do século. O livro “História, política, economia e sociedade no século XX”, escrito pela historiadora Karina Kosicki Bellotti, trata sobre o assunto:
“Um dos principais fatores que levou ao enfraquecimento dos Estados socialistas europeus foi o modelo econômico planificado, com ênfase à indústria de base e negligência aos bens de consumo. Essa iniciativa cobrou um alto preço a partir dos anos 1970, pois as indústrias de base estavam obsoletas e eram mais poluentes em relação às indústrias ocidentais, e a insuficiência de bens de consumo levava a desabastecimentos frequentes de itens básicos para a população”.
Apesar disso, uma radicalização do discurso liberal tampouco é producente, à medida que a sociedade capitalista possui uma série de desigualdades. E, neste sentido, o Estado deve estar presente para reduzir as diferenças sociais. Portanto, estamos diante de uma equação complicada, em que o capital e o social, ambos, devem ser bem considerados.