Jogar o Fifa 20 é um dos hobbies que mais pratico. Recentemente, joguei o Campeonato Francês com o Paris Saint-Germain (PSG). O Fifa 20 coloca o PSG, em termos táticos, no esquema 4-2-4 (quatro defensores, dois meio-campistas e quatro atacantes). No ataque, a equipe do game conta com o canhoto Di Maria pelo lado direito, Icardi e Mbappé centralizados e Neymar aberto pela esquerda.
Lembro que, duas décadas atrás, conversei com um professor de jornalismo, e ele me disse que o melhor esquema era o 4-2-4. Eu pensei que era algo antiquado, mas, vejam só, passaram-se 20 anos, e o 4-2-4 é atribuído a uma das melhores equipes do mundo, o PSG.
Ao analisar o PSG, o comentarista do game diz que esse esquema foi utilizado pelo Brasil no título mundial de 1958, com ataque formado por Garrincha pela direita, Vavá e Pelé centralizados e Zagallo na ponta-esquerda. Esta observação do comentarista merece uma segunda interpretação. Nos anos 90, pelo que lembro foi na revista Placar, li que Zagallo fazia uma dupla função: ele era o quarto atacante, mas também o terceiro meio-campista (compondo a meia-cancha brasileira com Zito, primeiro volante, e Didi, segundo homem de meio-campo).
Esse time do Brasil, em 1958, seria um dos nascedouros do 4-3-3 (quatro defensores, três meio-campistas e três atacantes). No setor de meio-campo, estavam presentes Zito, Didi e Zagallo. No ataque: Garrincha, Vavá e Pelé.
A meu ver, esse time encontra ressonância na Seleção tricampeã mundial em 1970, quando Rivellino fez a função realizada por Zagallo em 1958 (vale dizer que Zagallo, jogador em 58, foi técnico do Brasil na Copa de 70. A experiência dele como jogador, certamente, influenciou a formação do time tricampeão).
Se havia variações táticas nas seleções brasileiras de 1958 e 1970, não seria diferente com uma equipe de 2020, como é o caso do PSG. O time francês, com base no Fifa 20, ataca com quatro jogadores (Di Maria, Icardi, Mbappé e Neymar), mas, em posição defensiva, os dois atacantes de lado (Di Maria e Neymar) se juntam aos dois meio-campistas. Assim, o 4-2-4 em posição ofensiva, torna-se um 4-4-2, que é uma das melhores opções quando se procura defender.
Porém, é justo reconhecer que o 4-2-4 existe, persiste, e se trata de um esquema protagonista. Por que não?